domingo, 16 de fevereiro de 2014

[À Lareira com] - Célia Correia Loureiro


À Lareira com....Célia Correia Loureiro, sobre o novo livro "A Filha do Barão"

- Começaste por escrever “Demência”, publicado pelo Alfarroba Editora em 2011. Depois disso já publicaste “O Funeral da nossa Mãe”, também pela Alfarroba Editora, e , recentemente, “A Filha do Barão”, pela Marcador. Olhando para trás, como vês todo este percurso e como é que te sentes agora?
Sinto que o meu trabalho se tem vindo a “profissionalizar” gradualmente. Agora tive a sorte de me ter tornado uma aposta séria, tanto por parte da Marcador, como por parte da RTP que confia na Marcador. Com isto penso que posso estar a dar os primeiros passos numa longa carreira de escritora.

- O tempo e a experiência são factores importantes no desenvolvimento da escrita?
Como em tudo. A cada novo livro sinto essa melhoria. Mas não é só o tempo que determina o desenvolvimento da escrita – a experiência conta, a temática abordada e alma que se coloca em cada obra também são factores importantes no desenvolvimento de uma escrita mais fluída e mais expressiva.

- Quais os maiores desafios que sentiste nestes 3 anos de escrita?
Desafios em termo de escrita? Tempo, motivação e “inspiração” não são coisas de que um autor se possa valer a todo o instante. Por vezes é-se obrigado a esperar pelo momento adequado para escrever o trecho tal. Também a distribuição e a visibilidade dos dois primeiros livros não foram da dimensão desejada, mas foram um começo. Chegar a todos os leitores que tenham interesse em ler-me tem sido a minha maior preocupação. Isso e superar-me a cada novo livro.

- Quais as maiores diferenças que notas e sentes em ti e na tua escrita, de antes para agora?
Os pormenores técnicos vão melhorando. Questões gramaticais, gralhas e vícios de escrita menos correctos vão sendo corrigidos e vão-me sendo apontados. Tento removê-los das novas obras em que estou a trabalhar. Também tomo atenção a outros detalhes que fazem um “bom” livro e que ignorava. Tudo para que a minha imaginação chegue com a maior clareza possível ao leitor.

- “A Filha do Barão” é a tua mais recente obra publicada, e desta vez pela Marcador. Conta-nos um pouco sobre a pesquisa para este livro e como surgiu a ideia de o escreveres e, claro, a oportunidade de o publicares por esta chancela da Editorial Presença.
A pesquisa foi trabalhosa, como tenho vindo a explicar. Muitas tardes na biblioteca a esmiúçar a época. Sempre quis escrever um romance histórico e, devido ao grau de qualidade que creio que o mesmo atingiu, decidi que precisava de lhe conseguir a atenção que merece. Tive a sorte de a Marcador  reconhecer esse potencial.

- Tens em mãos algum projecto literário que nos possas desvendar?
Tenho vários. Um de linha histórica – vários romances relacionados com esta mesma família e que enaltecem a História de Portugal. Outro de linha fantástica – vamos ver se consigo ficar satisfeita com este projecto. Depois também tenho dois romances contemporâneos em manga.

- Quando escreves tens uma rotina de escrita? E tens rituais para te inspirares enquanto escreves ?
O meu ritual para escrever implica isolar-me (das minhas irmãs ruidosas) sempre que posso. Música é uma constante, sim. Ajuda-me a mergulhar num sentimento e a regressar-lhe sempre que quero. Dá muito jeito para trabalhos contínuos. Todos os meus livros têm umas quantas canções associadas. Quando as oiço ainda regresso à sua produção.

- Com o que sonhas quando olhas para o teu futuro enquanto escritora?
Sonho em continuar a tocar o coração dos leitores com as histórias que crio.

- Como vês a literatura portuguesa nos dias que correm?
Em franca melhoria. Há muitos novos escritores, muitas novas ideias, muitos novos estilos. Acho que daqui a uns anos o mercado literário português pode muito bem ter sido invadido por autores nacionais. Seria óptimo abrir espaço para o que é nosso.

- Para terminar, que mensagem podes deixar a todos os pequenos autores nacionais (que também eles nos lêem)?

Aconselho-os a não se acomodarem; podem melhorar. Devem melhorar.  Devem esforçar-se, não desistir e, sobretudo, desligar-se das ideias pré-concebidas da literatura internacional que nos chegam. Criemos algo de nosso e de único.

3 comentários:

  1. Gostei muito desta entrevista :) Uma escritora jovem e, atrevo-me a dizer, os seus livros não são os únicos com alma. A própria personalidade da autora - tanto pelas entrevistas que dá, pelas opiniões que publica (e que tenho seguido) fazem-me crer que tem uma alma muito humana.
    Estou a ler 'A Filha do Barão' e é um livro para se ir degustando, sem pressas.

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  2. Parabéns à Célia pela sua mais recente criação. Já está na minha prateleira e aguarda apenas oportunidade para ser apreciada. Sou um apreciador de romances históricos e pelo que já espreitei de A Filha do Barão promete e promete muito.
    Felicidades, Célia, e parabéns!

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  3. Excelente entrevista, adorei conhecer um pouco mais de autora portuguesa. Desejo-lhe todo o sucesso!

    Beijinhos xx
    www.helenaduque.com

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