À Lareira com....Célia Correia Loureiro, sobre o novo livro "A Filha do Barão"
- Começaste por
escrever “Demência”, publicado pelo Alfarroba Editora em 2011. Depois disso já
publicaste “O Funeral da nossa Mãe”, também pela Alfarroba Editora, e ,
recentemente, “A Filha do Barão”, pela Marcador. Olhando para trás, como vês
todo este percurso e como é que te sentes agora?
Sinto que o meu trabalho se tem vindo a “profissionalizar”
gradualmente. Agora tive a sorte de me ter tornado uma aposta séria, tanto por
parte da Marcador, como por parte da RTP que confia na Marcador. Com isto penso
que posso estar a dar os primeiros passos numa longa carreira de escritora.
- O tempo e a experiência são factores importantes no
desenvolvimento da escrita?
Como em tudo. A cada novo livro sinto essa melhoria. Mas não é só o
tempo que determina o desenvolvimento da escrita – a experiência conta, a
temática abordada e alma que se coloca em cada obra também são factores
importantes no desenvolvimento de uma escrita mais fluída e mais expressiva.
- Quais os maiores desafios que sentiste nestes 3 anos de
escrita?
Desafios em termo de escrita? Tempo, motivação e “inspiração” não são
coisas de que um autor se possa valer a todo o instante. Por vezes é-se
obrigado a esperar pelo momento adequado para escrever o trecho tal. Também a
distribuição e a visibilidade dos dois primeiros livros não foram da dimensão
desejada, mas foram um começo. Chegar a todos os leitores que tenham interesse
em ler-me tem sido a minha maior preocupação. Isso e superar-me a cada novo
livro.
- Quais as maiores diferenças que notas e sentes em ti e na
tua escrita, de antes para agora?
Os pormenores técnicos vão melhorando. Questões gramaticais, gralhas e
vícios de escrita menos correctos vão sendo corrigidos e vão-me sendo
apontados. Tento removê-los das novas obras em que estou a trabalhar. Também
tomo atenção a outros detalhes que fazem um “bom” livro e que ignorava. Tudo
para que a minha imaginação chegue com a maior clareza possível ao leitor.
- “A Filha do Barão” é a tua mais recente obra publicada, e
desta vez pela Marcador. Conta-nos um pouco sobre a pesquisa para este livro e
como surgiu a ideia de o escreveres e, claro, a oportunidade de o publicares
por esta chancela da Editorial Presença.
A pesquisa foi trabalhosa, como tenho vindo a explicar. Muitas tardes
na biblioteca a esmiúçar a época. Sempre quis escrever um romance histórico e,
devido ao grau de qualidade que creio que o mesmo atingiu, decidi que precisava
de lhe conseguir a atenção que merece. Tive a sorte de a Marcador reconhecer esse potencial.
- Tens em mãos algum projecto literário que nos possas
desvendar?
Tenho vários. Um de linha histórica – vários romances relacionados com
esta mesma família e que enaltecem a História de Portugal. Outro de linha
fantástica – vamos ver se consigo ficar satisfeita com este projecto. Depois
também tenho dois romances contemporâneos em manga.
- Quando escreves tens uma rotina
de escrita? E tens rituais para te inspirares enquanto escreves ?
O meu ritual para escrever implica isolar-me (das minhas irmãs
ruidosas) sempre que posso. Música é uma constante, sim. Ajuda-me a mergulhar
num sentimento e a regressar-lhe sempre que quero. Dá muito jeito para
trabalhos contínuos. Todos os meus livros têm umas quantas canções associadas.
Quando as oiço ainda regresso à sua produção.
- Com o que sonhas quando olhas para o teu futuro enquanto
escritora?
Sonho em continuar a
tocar o coração dos leitores com as histórias que crio.
- Como vês a literatura portuguesa nos dias que correm?
Em franca melhoria. Há muitos novos escritores, muitas novas ideias,
muitos novos estilos. Acho que daqui a uns anos o mercado literário português
pode muito bem ter sido invadido por autores nacionais. Seria óptimo abrir
espaço para o que é nosso.
- Para terminar, que mensagem podes deixar a todos os
pequenos autores nacionais (que também eles nos lêem)?
Aconselho-os a não se
acomodarem; podem melhorar. Devem melhorar.
Devem esforçar-se, não desistir e, sobretudo, desligar-se das ideias
pré-concebidas da literatura internacional que nos chegam. Criemos algo de
nosso e de único.
Gostei muito desta entrevista :) Uma escritora jovem e, atrevo-me a dizer, os seus livros não são os únicos com alma. A própria personalidade da autora - tanto pelas entrevistas que dá, pelas opiniões que publica (e que tenho seguido) fazem-me crer que tem uma alma muito humana.
ResponderEliminarEstou a ler 'A Filha do Barão' e é um livro para se ir degustando, sem pressas.
Parabéns à Célia pela sua mais recente criação. Já está na minha prateleira e aguarda apenas oportunidade para ser apreciada. Sou um apreciador de romances históricos e pelo que já espreitei de A Filha do Barão promete e promete muito.
ResponderEliminarFelicidades, Célia, e parabéns!
Excelente entrevista, adorei conhecer um pouco mais de autora portuguesa. Desejo-lhe todo o sucesso!
ResponderEliminarBeijinhos xx
www.helenaduque.com