quinta-feira, 12 de setembro de 2013

[Opinião] - "O Inferno de Gabriel" de Sylvain Reynard



"- Nenhum de nós tem o monopólio das ilusões. A nossa única esperança é termos tempo para descobrirmos quem somos realmente e decidirmos se é uma realidade com que ambos podemos viver. Já tive contrariedades contigo suficientes para uma vida inteira, e esta noite vou pôr um ponto final nisso. Vamos sentar-nos e ter a conversa que queria ter tido contigo há dez dias. E não te deixo sair da minha vida enquanto isso não acontecer. Fim de discussão."





Andei meses a "namorá-lo" sempre que passava numa livraria até que, nos meus anos, o meu grupo de amigos de juntou e me ofereceu o livro. Infelizmente, e porque é uma leitura com um número de páginas que me era complicado ler diariamente durante as aulas, apenas lhe peguei no mês de Agosto.

Já começa a ser demais a quantidade de livros que continua a ser comparado com "As Cinquenta Sombras de Grey". Este, claro, sendo um livro do género que é, tem na capa o mote de comparação com o livro da E.L.James - "As Cinquenta Sombras de Grey souberam a pouco?". Pois bem, eu li o primeiro volume da trilogia do Grey, e como devem saber gostei. (Podem ver a opinião aqui.) No entanto, atrevo-me a dizer que comparar este livro aos anteriormente referidos é uma blasfémia literária.

Compreendo que, como com todo e qualquer outro livro, haverá quem adora Sylvain Reynard e a trilogia de Gabriel, e quem odeia. Eu faço parte do primeiro grupo - adorei esta leitura.

Em primeiro lugar, é importante referir que, sendo um romance erótico, este livro não aborda o tema do Bondage, ou BDSM, como a trilogia de James.
Uma leitura com erotismo e cenas de sexo bastante descritas estão, realmente, na ordem do dia com esta leitura.

A linguagem foi um ponto positivo com este livro. Esta é bastante apropriada e erótica, não chegando sequer a roçar o banal ou obsceno. Sou da opinião que o  modo como se escreve este género de livros é de grande importância, tendo em conta o tema em questão e que o uso de algumas gírias ou de alguns termos quando nos referimos ao sexo podem ter o efeito exactamente contrário ao suposto: o erotismo.

O ponto forte de "O Inferno de Gabriel" é todo o conteúdo que está por detrás do romance e do sexo: este livro alia tudo isto ao clássico da literatura "A Divina Comédia", através do amor entre Dante e Beatriz. Percebe-se que existiu uma pesquisa por parte do autor sobre o tema, e faz com que tenhamos ainda mais vontade em descobrir mais sobre tudo isso.

Aqui conhecemos Gabriel, professor universitário especialista em Dante, que sofre com o seu passado e procura o perdão para si mesmo. Claro, como não poderia deixar de ser Gabriel é um homem que, à noite se entrega à luxuria e às mulheres, é irresistivelmente atraente, mas é acima de tudo culto, o que é um ponto fulcral para ter adorado a leitura. A personagem feminina, Julia, inscreve-se para pós-graduação sobre Dante, sendo assim aluna de Gabriel. Claro que esta é inocente, agarrada a um amor do passado. No entanto, e ao contrário de muitas personagens deste género de livros, não é uma personagem fútil ou ignorante - antes pelo contrário.

O enredo decorre com um ritmo bastante agradável, sem ser com a rapidez inerente a alguns livros. As cenas de sexo não são tão recorrentes que façam com que não exista mais nada para além disso, o que dá espaço à existência de estória - romance, sofrimento, redenção e perdão.

Fiquei com imensa vontade de ler o resto da trilogia. Não sei quando conseguirei ter o segundo volume, mas tenho a certeza que o quero ler.
Não coloquem este livro imediatamente de lado por, na capa e como forma de markting, fazer alusão ao "Cinquenta Sombras de Grey", permitam-se a viajar com Gabriel e Julia e conheçam um pouco mais sobre a "Divina Comédia".
A meu ver, uma boa aposta da Edições Saída de Emergência.
Aconselho.


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