sexta-feira, 13 de setembro de 2013

[Opinião] - "O Café do amor" de Deborah Smith

"Sempre acreditei que as pessoas que amava estavam protegidas dentro de um casulo mágico, só porque as amava. Se Deus existe, não deixaria nada de terrível acontecer-me a mim ou aos meus. Eu era boa pessoa. Se nunca tinha feito deliberadamente mal a ninguém, porque é que Deus havia de me fazer mal a mim? Depois aconteceu uma coisa má, sim, tão terrível que nunca imaginei que pudesse acontecer. Tudo em que acreditava a respeito do destino, da sorte e da justiça evaporou-se. Desde então sinto-me como se tivesse entre as ruínas de uma casa que vivi toda a vida."





Deborah Smith é uma das autoras americanas mais lidas em todo o mundo. Em português tem 3 livros publicados, Segredos do Passado, A doçura da Chuva e este, Café do Amor. Apesar de ter o primeiro que referi na estante, a verdade é que aquele em que peguei primeiro, e que fez com que me estreasse na autora, foi o último livro publicado por cá, pela Porto Editora.

Na altura em que foi publicado, admito, que apenas a capa me chamou a atenção. No entanto, depois de várias pessoas me terem dito tão bem do livro, decidi trazê-lo para casa. Assim, posso dizer-vos que as expectativas eram bastante altas, e que não foram, de modo nenhum, defraudadas.

Deborah Smith leva-nos até Beverly Hills, onde conhecemos Cathryn Deen, uma actriz famosa, considerada o ícone da beleza feminina. Até ao dia em que a sua vida muda drasticamente, devido a um acidente de viação, tornando-a uma reclusa na sua vida, na sua casa, na sua própria alma.
Conhecemos também Thomas, numa pequena localidade na Carolina do Norte. Um homem amargurado, afundado na culpa que sente em relação ao seu passado, que faz da sua vida uma bebedeira constante, esperando sempre pelo dia em que conseguirá ter coragem para morrer.
Cathy tem familiares nessa pequena localidade, mais precisamente Delta, uma prima afastada que faz tudo para a levar para aquele local e cuidar dela. E é então que a vida daqueles dois seres amargurados se cruza, mudando-os progressivamente para sempre.

A escrita da autora fascinou-me. É bastante descritiva, o que neste caso foi um ponto a favor. A descrição do acidente de Cathy está fenomenal e faz-nos sentir emoções tão fortes como um bom livro deve fazer. A trama decorre lentamente, o que faz com que possamos absorver tudo o que nos vai sendo transmitindo.
Com excertos divididos entre Cathy e Thomas, em que cada um fala na primeira pessoa, vamos conhecendo um pouco mais de cada personagem. Não apenas deles, mas de todos os outros que fazem parte desta história: Delta e a sua família, Cora e Ivy... É ao longo destas páginas que vamos conhecendo os passados destes dois humanos a quem a vida, num determinado momento, deixou de sorrir. Em especial o passado de Thomas é bastante comovente, e o modo com o afectou, e afecta, é dos grandes pontos fortes desta leitura.

Um livro cheio de drama, sobre sonhos desfeitos, vidas marcadas pelo sofrimento, mas também sobre redenção, superação, e transformação. Aceitar a realidade e utilizar as adversidades da vida como oportunidades de sermos alguém melhor. Uma história, acima de tudo de valorização:valorizar o que realmente temos, valorizar quem realmente nos ama. Porque a amizade e o amor podem ser uma forte arma quando tudo o resto parece ter desaparecido.

Atrevo-me a dizer que foi das melhores leituras que tive este ano. Aconselho sem qualquer reserva, tenho a certeza que gostarão tanto quanto eu.

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