"Alheia a tudo isto estava a Ministra, que no meio de todo aquele aquele caosdescontrolado se encontrava sentada à sua secretária a jogar Solitário no computador portátil, à espera que fosse tempo de se ir embora. (...) Acreditem ou não, naquela azáfama toda, a Ministra era a única que parecia distante de todos os problemas. Talvez porque o salário o permitia, talvez por pura indiferença ou descuido..."
"Nas Teias do Poder", um livrinho no que diz respeito ao tamanho tendo em conta que tem apenas 100 páginas, é o segundo livro de Fernando Gil Teixeira, um jovem promissor de 16 anos. É o primeiro no género policial, e o autor mostra algumas caracteristicas que, a serem trabalhadas e amadurecidas, poderão ser realmente uma mais valia no se futuro na escrita.
Este livro tem um enredo, inicialmente, bastante semelhante ao livro "Ensaio sobre a cegueira" de José Saramago (o qual li e gostei bastante). É dificil não fazer algumas comparações ao lê-lo, o que acaba por ser algo menos positivo para o livro, pois é dificil pegar em algo semelhante ao que já existe, e sendo de um autor tão conceituado como Saramago, e conseguir algo que seja equiparadamente bom ou melhor, em especial quando ainda se é tão jovem e um pouco "verdinho" nestas andanças.
No entanto, o maior ponto fraco do livro é o facto de o lermos "a correr". Todo o enredo ocorre demasiado depressa. Durante a leitura sentimos que quase não temos folgo para respirar, que é uma sucessão de eventos que nunca mais pára até se dar o climax da acção e o seu término. Não sei se isto aconteceu por alguma limitação no que dizia respeito ao numero de páginas, se há falta de fio condutor mais descritivo por parte do autor, ou por qualquer outra razão, mas a verdade é que me senti reamente a fazer a maratona ao ler este livro.
Gostava também assinalar que, e talvez isto aconteça devido ao facto do Fernando ser bastante jovem (e eu sei que isto também pode acontecer com escritores mais velhos atenção, não é uma critica preconceituosa quanto à idade), existem algumas imprecisões contextuais, em especial no que diz respeito ao sistema de saúde, à actuação dos paramédicos e afins, questões relacionadas com a vertente da saúde (que tratando-se de uma epidemia é natural que surja neste livro de forma algo contextualizada). Talvez me tenha saltado mais à vista por serem coisas que, de alguma maneira, fazem parte do meu dia-a-dia, e com isto deixo um conselho importante ao Fernando e a quem demais lhe servir: a contextualização daquilo que se está a escrever é, a meu ver, fundamental. Foi algo que me fez soltar algumas gargalhadas no inicio da leitura por achar algo surreal o modo como tudo se processa.
No entanto, percebe-se que o autor é um jovem bastante atento e preocupado, tanto com o comportamento humano como com a sociedade onde estamos inseridos, no geral. Também o tom critico/sarcástico que o jovem começa a apresentar poderá ser uma mais valia para a sua escrita, se devidamente amadurecido.
Este é um livro que poderia ter ficado algum tempo a ganhar forma e a ganhar conteudo pois cresceria imenso com o desenvolvimento tanto pessoal como em relação á escrita por parte do Fernando.
Será certamente interessante continuar a seguir o percurso literário deste jovem autor.
Olá Apresento-me como o autor do livro. Obrigado pelas críticas, as positivas e as negativas, que em muito engrandecem o meu trabalho, principalmente por ver que imensa gente no país já teve a oportunidade de ler um exemplar.
ResponderEliminarJá vi que o seu blog entra em casa de muitos leitores, os meus parabéns! Contacte-me para o e-mail fernando17961@esfundao.pt, porque tenho algumas ideias para divulgar o livro e o blog.
Um abraço,
Fernando Gil Teixeira