Depois de termos assistido, na última semana, sobre o "monstro de Beja", e todos os outros homicídios que preenchem os nossos noticiários, achei que nada seria mais oportuno do que escrever algo sobre isso. Decidi então fazer o trabalho de casa, e andar a pesquisar mais sobre o assunto.
Existem diversos factores que fazem com que se cometa um homicídio, pelo que é difícil percebermos e estudarmos todos eles. No entanto, estes fazem-nos conhecer algumas características, mais macabras, do comportamento humano. É importante ter por base a noção de que os factores que nos referimos são de cariz biológico, psicológico e social.
Segundo a Agência das Nações Unidas para a Droga e o Crime (UNODC), desde 2006 Portugal é dos países da Europa ocidental com uma das maiores taxas de homicídios, tendo havido um ligeiro aumento ao longo dos anos.
Em 1990, Gartner , com base nos dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), referiu que a taxa de homicídio é caracterizada em quatro contextos:
- Material (mais privação de materiais)
- Integrativo
- Demográfico
- Cultural (maior heterogeneidade cultural)
Segundo Lombroso, médico e cientista italiano, haveria uma predisposição inata para o crime, nos criminosos.
Houve, nas últimas décadas, diversos autores que se debruçaram sobre o estudo da relação entre doença mental e homicídio Saraiva e colaboradores salientaram que os esquizofrénicos e os psicopatas têm mais tendência para o homicídio.
A doença mental altera a identidade e a personalidade do sujeito, o que sugere que, quanto mais grave for a psicopatologia, maior será a alteração cognitiva. O que por sua vez poderá levar a situações de violência.
Com base em tudo isto, a psicologia e a psiquiatria uniram-se ao direito no Século XIX. Surgiu assim a designação de ser, ou não, inimputável, que define qual a culpabilidade e qual a punição de um determinado sujeito que tenha cometido um crime.
De modo a saber se o sujeito é ou não inimputável, estas áreas trabalham em conjunto. É feita uma entrevista psiquiátrica.
Vários autores têm tentado traçar o perfil típico do homicida, no entanto não o podemos afirmar ser possível de fazer. Podemos sim referir determinadas características. Assim, Almeida (1999) dividiu os homicidas em 9 grupos tendo em conta características comuns como autocontrole, impulsividade, relação com o meio, antecedentes, carga emocional, premeditação, consumo de substancia e doenças mentais.
Por fim, estamos habituados a vermos homicidas maioritariamente do sexo masculino. No entanto, no homicídio conjugal existe uma taxa significativa de indivíduos homicidas do sexo feminino.
Podemos assim compreender que não é consensual que exista algo "próprio" de um individuo homicida. Existem características mais comuns, mas que no entanto podem existir também em pessoas que nunca cometeram nem cometerão qual homicídio.
referência: Oliveira,M.(2007). Tese de mestrado em Saúde Mental, da Universidade de Ciências Médicas de Lisboa: Homicídio e Doença Mental que podem ler aqui.
Sem comentários:
Enviar um comentário