[Opinião Tertuliana] - "Não Digas Nada" de Mary Kubica

Como já devem saber, eu não aprecio muito policiais ou thrillers psicológicos, mas se a sinopse me parecer interessante não me oponho a lê-lo. Foi o que aconteceu com “Não digas nada” de Mary Kubica, li a sinopse, que me chamou a atenção, e decidi dar-lhe uma oportunidade.

A história deste thriller psicológico centra-se no rapto de uma jovem rapariga, Mia Dennett, no seu cativeiro e na relação que estabelece com o seu raptor, Colin Thatcher. Para além destas personagens, fazem também parte da trama outras personagens, como os pais de Mia e o investigador responsável pela resolução do seu rapto.

Um dos aspectos que mais me agradou neste livro foi a interessante forma como a narrativa está estruturada. Os capítulos centram-se em dois momentos: o antes e o depois do rapto. Para além disso, os capítulos são narrados, ao longo do livro, por quatro das personagens da história: Colin, Mia, a sua mãe e o investigador do caso. Desta forma, o leitor tem a oportunidade de conhecer de forma mais pormenorizada o perfil físico e principalmente psicológico de cada uma das personagens, podendo colocar-se no seu lugar, em diversos momentos marcantes da trama.

Um outro aspecto que tornou esta leitura muito interessante foi a ligação que a autora cria, à medida que a história se vai desenvolvendo, entre Mia e o seu raptor. Esta ligação aproxima o leitor dessas duas personagens e faz com que surja um sentimento de empatia para com o sujeito, de tal forma que o leitor dá por si a desejar que nada de mal aconteça com o suposto vilão da história. Sendo que qualquer pessoa percebe que uma pessoa que rapta outra merece ser punida, ao sentir empatia para com o raptor, o leitor vê-se num dilema.

Estes dois aspectos que referi, juntamente com a forma de escrita da autora, fazem com que este seja um livro que se lê de um só fôlego e de forma intensa, tendo, como qualquer thriller psicológico deve ter, suspense, mistério e intensidade psicológica.

Posso assim dizer que este livro me conquistou, ainda que pertencendo a um género pouco querido para mim. Isto não quer dizer que a partir de agora passarei a ler toda e qualquer obra deste género literário, mas estarei com certeza mais aberta a novas leituras deste universo.