quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

[Opinião Tertuliana] - "A Mão do Diabo" de José Rodrigues dos Santos



"O mais fantástico é que, José Rodrigues dos Santos parece ter aplicado à escrita a mesma (e estupenda) dedicação que destina sempre ao argumento - e os dois, aliados, fazem maravilhas! Especialmente quando é notório que o autor nos está constantemente a espicaçar… os nervos e o sentido crítico!" em Tempo de Ler








Em A Mão do Diabo, José Rodrigues dos Santos leva-nos a mais uma aventura de Tomás Noronha. Um personagem já bem conhecido, que nos apresenta, neste romance, mais uma parte do seu currículo, ao ser um conhecedor da economia mundial e da crise financeira actual, em particular.
           
Leio este livro na sequência de O Última Segredo, anterior livro de José Rodrigues dos Santos, que continua a ser uma das melhores leitoras de sempre, para mim.

No entanto, em A Mão do Diabo, o mesmo não acontece, e a motivação que marca as obras do género não se manifesta aqui, tornando-se num livro pesado, que foge muitas vezes à ideia de romance, parecendo uma enciclopédia.
Tomás de Noronha começa a sua história neste romance na Grécia, onde se vê no meio de uma manifestação, acabando preso. Entre a sua libertação e a descoberta das causas da crise mundial, Tomás enfrenta uma seita satânica, por trás de todos os acontecimentos.

Para que este livro seja bem compreendido, deve ser dividido em duas partes: o Romance, a história aventuresca de Tomás de Noronha que continua cativante; e o manual histórico sobre a crise, onde o autor nos descreve detalhadamente o seu conhecimento, de forma pouco efusiva. A sobreposição entre ambas as partes não acontece da melhor forma.

Como romance, o autor consegue mais uma vez surpreender, e agarra-nos à história de Tomás, que continua a ser um centro de atracção de problemas, no melhor sentido. No entanto, ao ver o conjunto, a transição entre as partes não é bem conseguida.

Um bom livro para quem quer saber mais sobre a crise.
Um mau livro para quem gosta de José Rodrigues dos Santos e das aventuras de Tomás de Noronha.

Tiago A. G. Fonseca

4 comentários:

  1. Eu só li o Codex e, embora tenha achado interessante, tinha-lhe cortado umas 100 páginas...

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  2. Olá :)
    Bem, a um post sobre o meu escritor favorito da actualidade, só estivesse em outra galáxia deixaria de responder :)
    As pessoas são diferentes, por isso têm opiniões diferentes e vêem as coisas de forma diferente. É isso que torna o mundo interessante :)

    Não concordo que um livro que é bom para quem gosta de estar mais informado sobre a crise, seja ao mesmo tempo um livro mau para quem gosta de José Rodrigues dos Santos e das aventuras do Tomás Noronha. Isto porquê: porque José Rodrigues dos Santos - escritor é isso mesmo: é a informação dada de forma romanceada para que essa informação chegue a uma maior parte do público :)

    Se ele escrevesse um tratado, um ensaio sobre a crise, sem ser de forma romanceada, nem metade das pessoas que leram teriam lido. E a intenção dele é que essa informação chegue ao maior número de pessoas possível :)

    Talvez este livro seja o que tem menos romance, o menos literário, porque o tema a isso obriga, mas ainda assim acho queas aventuras do Tomás estão bem integradas.

    Sei que este livro foi o que ele escreveu em menos tempo, porque ele costuma te vários em mãos, embora se dedique mais a um , que pretende que seja o próximo a sair. Neste caso, isso não aconteceu: ele foi ao programa da Júlia Pinheiro, em 2011, para ser entrevistado sobre "O Último Segredo" e, a certa altura, a Júlia sugeriu-lhe que escrevesse um romance sobre a crise. Ele, no momento, achou que seria pouco pertinente porque se trata de um tema que está sempre em evolução, estão sempre a surgir novos dados... Mas depois de sair do programa começou a pensar que, se calhar, a ideia não era assim tão descabida, pois apesar de estarem sempre a surgir novos dados, a verdade é que as causas, a essência da crise é sempre a mesma. E resolveu escrever. Portanto, este foi um livro que ele efectivamente escreveu todo em menos de um ano. Daí talvez tenha sido aquele que foi escrito mais à pressa, mas ainda assim, acho que as aventuras do Tomás estão bem integradas e servem bem como fio condutor à informação. Aliás, acho que é algo que toda a gente percebe nesta vertente dos romances do JRS é que as aventuras do Tomás Noronha são apenas um fio condutor para prender o leitor e assim conseguir que ele capte a informação que o autor pretende transmitir.

    Gostei muito do livro, tal como de todos os outros do autor.

    No meio de tanta tensão, devido ao tema, o autor consegue que o leitor ria um bocado para amenizar um tema tão pesado... Quando o Tomás está no restaurante e olha para a televisão não pide deixar de te um ataque de riso incontrolável e de dizer "Raios parta o homem!", no meio de gargalhadas: "[...] Decorria o noticiário e um apresentador orelhudo com expressão sisuda dava notícias frescas da crise [...] ... Ri tanto :)

    Abraço :)

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  3. Eu tenho o livro :-D mas ainda não o li :-(
    :-)

    leiturasfabulosas.blogspot.pt

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  4. :) eu tambem estou a ler e a gostar... JRS consegue de facto prender de imediato a atenção do leitor! li tambem o setimo selo e adorei a abordagem sobre o aquecimento global e das vertentes tanto
    cientifica como economica do problema!

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