quinta-feira, 24 de outubro de 2013

[Opinião] - "Presa e Predador" de Gordon Reece

"A vida real não tinha nada a ver com romances ou poemas, não tinha nada a ver com paisagens a óleo ou pinturas abstratas de quadrados amarelos e vermelhos, não tinha nada a ver com a organização de sons na harmonia formal da música.
A vida real era o exato oposto da ordem e da beleza: era caos e sofrimento, crueldade e horror. (...) A vida real era um massacre de inocentes todos os dias. Era um matadouro, um talho, decorado com cadáveres de milhares de ratos..."




Ora aqui está uma opinião que não me é fácil de escrever. Quando li a sinopse, e juntamente com a capa, fiquei com expectativas elevadas sobre este livro, no entanto estas não foram totalmente atingidas - mas não posso dizer que não gostei da leitura, porque gostei.

Shelley é uma jovem adolescente que está a lidar com o recente divórcio dos pais quando começa a sofrer de Bullying na escola. Quando é vitima de um ataque, na escola, que quase lhe custa a vida, esta e amãe mudam-se para uma pequena casa de campo, na esperança de terem finalmente uma vida calma e longe de problemas. No entanto, não é assim que as coisas acontecem.

O tema inicial, ou seja, o bullying interessa-me particularmente. É algo bastante actual e que ainda é pouco prevenido e, até mesmo, falado e divulgado. O inicio do livro interessou-me imenso, e agarrei-me àquelas primeiras páginas. A escrita da autora transporta-nos para a escola de Shelley de tal modo que conseguimos sofrer com aquilo que ela sofre. É forte e emotivo e retrata bastante bem o dia-a-dia de algumas crianças. Shelley, tal como muitas, esconde da mãe aquilo de que anda a ser alvo, tenta aguentar tudo sozinha.

Quando ambas se mudam para o campo, ainda antes de meio do livro, pensei o que poderia acontecer depois e que volta daria o autor. O caminho que  este seguiu foi algo inesperado admito, mas não me satisfez.  O enredo torna-se demasiado rápido e bastante descontextualizado, a meu ver. Aquilo que poderia ter sido o grande boom do livro, para mim, foi o que me desagradou. Achei as cenas exageradas, e aquilo que achei que iria sentir como sendo um livro forte até ao fim, desiludiu-me.

O que somos capazes de fazer pela sobrevivência? Mas, acima de tudo, até que ponto deixa de ser sobrevivência e passa a ser algo mais, algo mais maléfico e com malvadez? Aquelas personagens com quem eu tinha empatizado rapidamente passaram para o outro extremo, pelo que comecei quase a ter vontade de as abanar.

Sei que será um livro que muitos gostarão. Tem todos os ingredientes para que muitos leitores se deliciem: tem drama, tem sangue, tem mistério e tem amor fraterno. Mas a mim não me cativou.

1 comentário:

  1. Olá
    Eu tive que pegar em outra leitura, fiquei com sentimentos tão ambivalentes que não sabia o que pensar, mas lá acabei de ler e fiquei....

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