[Opinião] - "Um Desastre Maravilhoso" de Jamie McGuire

"Eu sei que estragámos tudo, está bem? Eu sou impulsivo e tenho mau feitio, mas gosto de ti como nunca gostei de ninguém. Tu parece que me odeias num momento, e no seguinte que precisas de mim. Não percebo nada e não te mereço...mas adoro-te, Abby. Amo-te como nunca amei ninguém. Quando estás ao pé de mim não preciso de álcool, de dinheiro, de combates ou de raparigas... tu bastas-me. Só penso em ti, só sonho contigo. Não quero mais nada nem ninguém."








"Um Desastre Maravilhoso", um livro que se inclui no género New Adult, e que tendo já lido algumas opiniões ou se gosta bastante ou, na verdade, quase se odeia.

Para mim foi, uma maravilhosa surpresa, e uma leitura que me prendeu da primeira à última página. Quando pegamos neste livro, talvez seja com a ideia de que vamos ler um romance, o que poderá não agradar a todos. Na verdade, eu sou fã de um bom romance, mas não daqueles superficiais e que só têm "amor" e " mel" e nada mais. Na verdade, eu gosto de um livro que contenha romance Q.B, que me faça sonhar com aquele amor que estou a ler mas que seja mais do que isso, que tenha um contexto, que tenha conteúdo que me leve mais além do que, simplesmente, me fazer imaginar aquele relacionamento. Este livro, tem tudo isso.

Começo por vos falar do romance que existe ao longo destas páginas. São-nos apresentados dois casais, ao longo do livro: Travis, impulsivo, agressivo e problemático, e Abby, que aparentemente seria uma jovem normal, no ensino superior como qualquer outra, mas esconde em si um passado que ela tanto tenta esconder; e Shepley, primo de Travis, e America, melhor amiga de Abby.
As relações destes casais podem ser consideradas contraditórias, e dar-nos uma perspectiva de que todas as relações são diferentes. No entanto, elas influenciam-se entre si de uma maneira que, muitas vezes, poderá não ser saudável. Travis e Abby têm, desde cedo, uma relação quase amor-ódio, que vai evoluindo, mas que tem constantemente altos e baixos, é uma relação quase agressiva, em que ambos se magoam mutuamente; A relação de Shepley e America é mais saudável que a referida anteriormente, no entanto, acabam por ser influenciados pelos laços que os unem aos seus amigos.
Se o romance é o ponto alto desta leitura, não acho que seja. Gostei, Travis é o suposto Badboy, que acaba por se apaixonar pela rapariga que menos lhe liga. Cliché, talvez, mas gostei. O facto dos badboys também poderem ter sentimentos agrada-me bastante. Este ponto faz-nos também pensar na imaturidade das primeiras relações e do quanto isso pode ser conflituoso e complicado de lidar. (todos nós passamos por isso, certo?)

No entanto, e como eu disse, este livro é muito mais do que um mero romance. Abarca dos temas que nem sempre são falados, ou pelo menos tenho lido pouco sobre eles, e que me agradaram: os combates clandestinos, e o vicio de jogo. Ambos têm envolvidas apostas, o que dá ao tema uma profundidade ainda maior. Se é algo que salta à vista logo que lemos, se calhar não, depende do espírito e do modo como vamos avaliando a leitura.
Não sou nada fã de agressividade, e seria de esperar que os combates clandestinos, e todo o sangue e dor subjacente, me chocassem e me desagradassem, mas foi um ponto positivo nesta leitura. Leva-nos a um mundo que, efectivamente existe, e ao qual não vale a pena fechar os olhos. Quase um submundo, um mundo ilegal, onde muito se perde, e muito se ganha. Nessa vertente somos levados a ver os personagens numa perspectiva não romântica, e bastante selvagem.

No que diz respeito ao vicio de jogo, somos levados ao mundo de Las Vegas, devido, especialmente, ao pai de Abby e ao passado desta, e é aí que somos confrontados com uma nova Abby. O vicio do jogo destrói pessoas, destrói famílias, e é um tema delicado de se abordar, o que torna o livro mais complexo.

Assim, aconselho, sempre com a ideia de que será um livro para amar, ou para odiar. "Um Desastre Maravilhoso" mostrou ser uma leitura completa, enriquecedora - Um livro maravilhoso.