sexta-feira, 12 de julho de 2013

[Opinião] - "As Recordações" de David Foenkinos



"Dois dias antes, ainda estava vivo. (...) A esperança que o longo calvário chegasse ao fim.(...) Olhou para mim com um ar desamparado, com a lucidez dos seus dias de saúde. Era essa seguramente a maior violência, senti-lo consciente do seu estado. cada sopro anunciando-se como uma decisão insuportável. Queria dizer-lhe que o amava, mas não consegui. Penso ainda nessas palavras - e no pudor que me deteve na incompletude sentimental."









Este seria o estilo de livro que eu, geralmente, não gostaria. E por isso me surpreendeu bastante, pela positiva.
Quando peguei nele, e após ler a sinopse, pensei que iria ler um livro sobre a buscar de um neto pelo avô, e pela qualidade de vida do avô. No entanto, este é um livro que nos leva ao mais profundo deste neto, aos seus sentimentos e, acima de tudo, ás suas recordações.
O tema principal do livro é a velhice, o que esta acarreta, tanto para o próprio idoso, que muitas vezes se vê lançado para um lar, como para os seus familiares, que se vêm numa situação que poderá ser-lhes bastante penosa. É, assim, um livro sobre as defesas  que encontramos para lidar com a velhice, com a degradação da vida daqueles que mais amamos.
Ao longo de diversas páginas, e de alguns capítulos, vamos conhecendo esta família, e o modo como cada elemento lida com a velhice deste avo, pai ou sogro.
Os capítulos são intercalados com algumas memórias que o autor tem relativamente aos elementos da sua família, o que nos ajuda a construir a vida que estes tiveram, e a tornar mais reais todas as emoções e sentimentos que esta leitura nos transmite.

Esta foi uma leitura que me transportou para os anos em que tive as minhas avós cá em casa, antes de ambas falecerem, e a verdade é que me revi em diversas partes do livro, senti muito que li como sendo eu, como sendo algo que eu vivi. E é quando os livros nos tocam desta maneira que sabemos que estes são uma agradável surpresa.

Aconselho. Um tema actual, que por vezes se evita, mas que faz parte da vida de todos nós, abordados de forma bastante fácil de ler, com a capacidade de nos cativar.

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