sábado, 20 de abril de 2013

[Opinião] - "Pai, vem-me ver" de Nuno Vilaranda e Patricia Mendes




"Porque se acham muitas mulheres donas e proprietárias dos filhos? Não quero fazer estereótipos, apenas falo pela minoria de homens e mulheres que se acham inteligentes e donos da verdade. Mas qual verdade? Aqui a única verdade é que os filhos têm sempre um pai e uma mãe, foram fecundados pelos dois, são filhos da mãe e filhos do pai."









Li este livro o mês passado, oferta da Chiado Editora, e superou as expectativas.
Foi dos livros que mais gostei de ler nos últimos tempos. Encheu-me, por completo, as medidas. Tive realmente pena quando cheguei ao fim, até porque a história não terá acabado ali e gostaria de saber o resto (mas ainda estará a decorrer em tempo real pelo que seria dificil estar já publicado em livro claro).

Este livro, escrito na 3ª pessoa por Nuno Vilaranda, conta-nos a história de um homem (seu amigo) que se separou da mulher, e que ficou sem poder ver os filhos. O autor vai-nos presenteando com diversos excertos do diário deste pai, o que nos leva a sentir muito de perto a angustia e o desespero sentidos por este homem que tudo o que mais queria era poder, realmente, continuar a ser pai, um pai presente acima de tudo.

É um livro cheio de sentimentos e de emoções, e que nos faz sentir, não apenas as sensações do Pedro, mas outras que vão surgindo e palpitando com tudo aquilo que lemos, com todas as situações que nos são descritas.

Quantos casos destes existirá por esse país fora? E por esse mundo? - perguntei-me várias vezes ao longo das 390 páginas. O que é que passará na cabeça de uma mãe quando afasta drasticamente os filhos do pai (e aparentemente sem razão plausivel para tal)? Será tão grande o rancor, ódio ou sentimentos negativos que sente contra o marido/ex-marido que isso seja suficiente para "tirar" aos filhos algo tão importante como a convivencia com o pai?

A verdade é que só nos é contada uma versão dos factos, a versão do pai. Ficamos sem saber o que realmente se passou e pensou aquela mãe ao ter todas as atitudes descritas. Mas a verdade é que tudo aquilo que lemos é uma situação dolorosa, comovente e revoltante.

O livro está bem escrito, a escrita do autor é bastante acessivel e promenorizada o que nos ajuda a conseguir contextualizar as diferentes situações. Para além disso são-nos dados, ao longo de todo o livro, depoimentos de um advogado e de dois psicólogos, que vão comentando diversos momentos e explicando cada caso. Isto completa em muito o livro e dá-nos uma melhor informação, o que é uma mais valia durante a leitura. Tendo em conta a minha área achei realmente interessante, e fez-me pensar se gostaria de, um dia, trabalhar estes casos. Se realmente seria capaz de ser imparcial perante um caso destes.

Muito bom, gostei imenso e, como disse no inicio, gostava de poder continuar a seguir a vida deste Sol e desta Lua...e deste pai que tanto batalhou pelos filhos. Um livro para todos os pais, e acima de tudo por todos os pais que, um dia, se viram ou se encontrarão, numa situação similar.
Aconselho.


1 comentário:

  1. Gratos pelas suas palavras, gostaria de lhe dizer que o segundo livro está a ser escrito.

    Muito obrigado, gostaria apenas de acrescentar e as cartas da filha "ANA" são também muito importantes, pois dão voz aos filhos, tão pouco ouvidos nestas situações.

    Abraço,

    Nuno Vilaranda

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