[Opinião] - "O Diplomata" de Vasco Ricardo

"Todavia, o que mais magoava não era a sede, a fome, o silêncio ou a dor. O que mais feria era a vergonha. O que mais feria era a vergonha. Não perante os olhares alheios, mas diante da minha propria consciencia. "


"Aí, Sophie aguardava-o deitada na cama. Vestia uma lingerie sensual azul-escuro e i seu corpo mostrava-se digno de ser exibido na capa de uma revista internacional dedicada a excitar grande parte dos homens e alguns elementos do sexo oposto. (...) Toda a tensão que acumulara naquele dia desvaneceu-se numa questão de segundos. "




Bem, sei que já li este livro à uns meses, mas a verdade é que estas opiniões andam todas atrasadas - desculpem.

Conheci o autor, Vasco Ricardo, através da rede social mais utilizada nos últimos tempo (cite-se facebook), devido à publicação do seu primeiro livro "A Trama da Estrela", cuja opinião podem ler aqui.
Como gostei da primeira leitura, decidi, assim que a terminei, que tinha que comprar este livro e assim o fiz. (para quem estiver/ficar interessado podem entrar em contacto com o autor).

Tal como o primeiro, este é um livro pequeno, mas apenas em tamanho. Lê-se num instante e de um folego só.
Neste "Diplomata" o autor apresenta-se num género thriller/Policial, novamente com uma temática de conspiração, e com uma escrita mais madura e centrada num público mais adulto.
Deparamo-nos, novamente, com duas narrativas distintas ao longo de todo o livro e que, mais uma vez, acabam estar relacionadas, sendo a sua relação percebida no final do livro. Esta é uma caracteristica que eu adoro nestes dois livros.

Aqui temos a narrativa centrada na vivência actual de Gabriel, secretário de estado, pai e marido. No entanto, este vive uma vida dupla, na qual se torna um conspirador, um assassino. O politico procura a sua grande vingança, no entanto, procura acima de tudo a sua pa interior, a capacidade de viver o resto da sua vida livre do passado que o assombra.
A outra narrativa leva-nos de volta ao passado do Diplomata, através das memórias de uma criança que viveu numa sociedade reprimida e oprimida, sem as minimas condições. Aqui, o autor consegue através dos sentimentos impressos naquelas páginas, através das descrições, fazer-nos sentir o que aquela criança, aquele ser que deveria ter uma infancia cheia de brincadeiras e alegrias, sentia, quase nos faz também sentir a sede, a fome, o calor abrasador, mas acima de tudo o medo, a ansiedade e a frustação.

Por vezes, senti necessidade de parar no final das páginas em que eram narradas as memorias de Gabriel, de modo a conseguir embrenhar-me novamente no que iria ler de seguida. A força daqueles excertos é tão arrebatador que necessitava de parar e absorver tudo o que tinha lido, imaginado e sentido.

O final foi algo imprevisivel, não estando eu, de todo, á espera daquele desfecho. Não foi o o que mais me agradou, mas gostei da mensagem que nele está patente.

Volto a salientar a critica feita ao primeiro livro, e que em nada diz respeito ao autor, que é o tamanho da letra e o espaçamento entre linhas, que faz com que nos canse a vista, tendo de parar algumas vezes para descansar a visão.

Sem dúvida um livro que aconselho, não sendo o "meu" género de leitura, foi um livro que me cativou.
Espero ansiosamente por mais livros deste autor. É assim que vemos que também temos muita qualidade com os nossos autores nacionais, no nosso português.
Até lá, continuarei a ler o Vasco Ricardo no Destante Blog, através das suas Crónicas de um Portugal demasiado português".