domingo, 16 de setembro de 2012

[À Lareira com...] - Pedro Garcia Rosado


À Lareira com...Pedro Garcia Rosado, autor do livro "Triângulo".



Fale-nos um pouco sobre si
Quis sempre escrever histórias e lembro-me de na adolescência escrever histórias de terror, que eram as minhas preferidas nessa altura, e de ficção científica. Deve ter sido isso que me levou a querer ser jornalista e durante quase vinte anos, com algumas interrupções, foi o que fiz.      
A certa altura, liberto da obrigação de escrever todos os dias notícias e reportagens, em que estava obrigado a produzir textos sintéticos e pouco extensos, tive vontade de escrever uma história e foi assim que nasceu o meu primeiro romance, “Crimes Solitários”, publicado em 2004 pela Temas e Debates/Círculo de Leitores.
Em 2007 comecei a trabalhar como tradutor, sem deixar de escrever histórias. Neste momento, tenho sete romances publicados, todos “thrillers”, quatro dos quais nas editoras do grupo Círculo de Leitores e três na Asa (Leya), um dos quais foi traduzido, e publicado, este ano em Espanha, “Vermelho da Cor do Sangue” São todos passados em Portugal, abordando aspectos bem concretos da realidade portuguesa.
Depois de estar quase vinte e cinco anos a morar (e a trabalhar) na Grande Lisboa, mudei-me para o concelho de Caldas da Rainha, entre o mar e o campo. É onde vivo e trabalho, a ouvir os passarinhos em vez dos carros.


Recentemente publicou o livro “Triângulo”, o terceiro da colecção “ Não Matarás” da Asa. O que nos pode dizer sobre este livro?
Em “Triângulo”, o inspector Joel Franco investiga, por sua própria conta e risco (e com um elevado risco pessoal), a morte do seu amigo de infância que o levou a entrar para a Polícia Judiciária, ocorrida no seminário em que ambos estavam internados, e descobre quem o matou.
Essa investigação cruza-se com a investigação de dois homicídios em Lisboa que envolvem o primeiro-ministro e uma conspiração política em que participa um seu antigo amigo e colega de faculdade e da PJ.
A história termina no triângulo Lisboa – Vila Nova de Tazem – Lagoa de Óbidos de uma forma que mudará para sempre a vida de Joel Franco.

Como surgiu a ideia para o início desta colecção, cujos dois primeiros títulos foram “A Cidade do Medo” e “Vermelho da Cor do Sangue”?
Nasceu de conversas com a editora, e escritora, Maria do Rosário Pedreira. Foi quem acolheu e publicou “Crimes Solitários”.
Quando a Maria do Rosário Pedreira foi trabalhar como editora para grupo Leya, conversámos sobre a hipótese de fazer uma série policial clássica, com um herói fixo. De início não estava muito convencido, por não ser muito fã de séries desse género porque se sabe sempre que o herói não morre. Mas acabei por me convencer de que podia ser uma experiência interessante.
É desse modo que aparece a colecção “Não Matarás”, para a qual estão previstos nove títulos, um por ano, com as aventuras de Joel Franco, inspector da Polícia Judiciária que trabalha na Brigada de Homicídios. O quarto título da série será “Fragmentos” e já estou a prepará-lo.


 Quando começou a escrever?
Tive duas fases, em termos de ficção.
Comecei, muito cedo, aos 14 ou 15 anos. E mantive o que na altura não passava de um entretenimento. Por volta dos 20 anos, fiz uma ousadia: candidatei uma história de terror, já com formato de romance, a um prémio de literatura do Círculo de Leitores. Tinha defeitos, naturalmente, e era de um género então maldito. É claro que a história foi recusada. Jurei que nunca mais escrevia ficção.
Mais de vinte anos depois, e numa fase em que não estava a trabalhar como jornalista, achei que podia tentar escrever uma história que não fosse um simples conto. E nasceu “Crimes Solitários”. Foi esse o começo da minha segunda fase que, no entanto, esteve quase a não acontecer. Tive respostas negativas de quase dez editoras (e em algumas a história nem foi lida) e só a Maria do Rosário Pedreira é que, fundamentando a sua rejeição da primeira versão, acolheu depois uma nova versão, mais completa, trabalhando comigo a partir daí.
“Crimes Solitários”, em 2004, inaugurou essa segunda fase.

O que a escrita significa para si?
Começou por ser um passatempo juvenil, em que contava e (re)contava histórias. Foi a certa altura a necessidade de saber se conseguia escrever uma história com a dimensão de um livro completo. Foi finalmente a necessidade de dar continuidade a um trabalho interessante numa área de que gosto e em que fui muito bem recebido.
- É autor do blogue com o seu próprio nome, “Pedro Garcia Rosado”. O que podemos encontrar por lá?
Notas sobre os meus livros e sobre os livros de outros autores, sobre cinema (e televisão), questões sociais e políticas, locais (Caldas da Rainha e Região Oeste) e nacionais. Mas não há pormenores da minha vida privada, ou da vida privada da minha família, que mantenho ausentes da blogosfera e do Facebook.

Foi jornalista. De que modo isso o incentivou para a escrita dos seus próprios livros?
Ajudou-me a ter disciplina de escrita, a utilizar melhor a língua portuguesa e a conhecer mais aprofundadamente a realidade nacional. Estes três elementos foram essenciais para começar, e continuar, a escrever romances.

Tem algum projecto em mãos neste momento? Se sim, pode-nos contar algo sobre ele?
Além do quarto título da série “Não Matarás”, que se chamará “Fragmentos” e é passado nas Caldas da Rainha (onde o inspector Joel  Franco ainda estará a residir depois da sua aventura em “Triângulo”), estou a terminar a versão definitiva de uma história de terror intitulada “O Apocalipse de Elias Salazar”, cuja ideia recuperei de um escrito da juventude que tem um padre por herói e alguns pontos de contacto com o universo ficcional de H.P. Lovecraft e dos autores dos Mitos de Cthulhu e com as lendas em torno de Alcácer Quibir.

Para terminar, deixe uma mensagem para os nossos leitores.
Leiam livros “policiais”, leiam “thrillers”.
O “thriller” é um dos géneros ficcionais que melhor permite abordar praticamente todos os problemas sociais, e até políticos e culturais, e – quando tem qualidade – é um entretenimento magnífico que nunca se abstrai da nossa vida de todos os dias.
Leiam os meus livros mas procurem ler também, em português ou (se puderem) em inglês, obras de Ruth Rendell, John Le Carré, Lee Child, Carl Hiaasen, Karin Slaughter, James Ellroy, Harlan Coben  e Peter Robinson.
Vejam as boas séries televisivas, em DVD ou (o que é bastante mais difícil) na próprio televisão, como “The Wire”, “Forbrydelsen/The Killing”, “Os Sopranos”, “Boardwalk Empire”, “Damages”, “NCIS”, “The Good Wife”, “Game of Thrones” e até “Mad Men”.
Vão ao cinema. Ou vejam-no em casa, sem preconceitos. E sintam-se com o direito de gostar e de não gostar.

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