domingo, 30 de setembro de 2012

[À Lareira com] - Luísa Fortes da Cunha






À Lareira com... Luisa Fortes da Cunha, autora da colecção Infanto-Juvenil "Teodora".



Fale-nos um pouco sobre si.

Sou em primeiro lugar a mãe e depois a professora e a escritora que quer formar uma geração de jovens criativos. Nasci em Vila Franca de Xira, mas aos doze anos fui morar para a Figueira da Foz. É nos anos de adolescência passada na praia da claridade que vivi grandes aventuras que me moldaram a imaginação e me inspiraram a escrever a Teodora vinte anos depois. Sou licenciada em Educação Física, fiz o Mestrado (antes de Bolonha) em Gestão da Formação Desportiva e uma Pós Graduação em Educação Especial. Conheci os meandros do Conselho da Europa com um estágio em Estrasburgo e viajei por meia centena de países.
Os meus leitores dizem que transbordo de energia, sou alegre, simpática, bem-disposta e que consigo manter centenas de jovens atentos nas minhas palestras fazendo-os voar para um mundo paralelo, abrindo-lhes os horizontes e a imaginação.

Fale-nos um pouco sobre a inspiração para escrever a colecção “Teodora”.

A inspiração para começar a escrever a Teodora apareceu em 1999, isto é, três anos antes do lançamento do primeiro livro “Teodora e o Segredo da Esfinge”. A ideia nasceu um pouco por acaso, um acaso que considero mágico. Germinou a partir da necessidade que os meus filhos tiveram de encontrar um gnomo para um trabalho da escola. Ao pesquisar sobre essa matéria na Internet deparei-me com um mundo fascinante de fadas, duendes e outras criaturas fantásticas que se encontravam em imensos sítios (muitos deles brasileiros). Apaixonei-me por essa pesquisa e comecei a delinear uma personagem que culminou com a escrita do primeiro livro.
A Teodora é uma personagem que dá corpo a uma lenda popular que diz que a sétima filha nascida de um casal se transforma em fada quando atinge os 12 anos. Teodora é também uma mistura de alquimista de várias tradições: a portuguesa, escandinava, germânica e a celta.

E a oportunidade de o editar?

Tudo começou quando acabei de escrever o livro “Teodora e o Segredo da Esfinge”. Quando me vi com um livro pronto nas mãos, fiquei um pouco apreensiva com a probabilidade de nunca vir a editá-lo. Até porque eu tinha lido numa revista que editar em Portugal era muito difícil e que os editores portugueses recebiam cerca de 40 livros por semana, e era normal recusarem tudo.
O meu pensamento foi este: “o meu livro será um desses 40 que são rejeitados”.
Perante este cenário, a primeira coisa que decidi fazer foi não enviar o livro, mas enviar primeiro uma carta que aguçasse o apetite ao editor que a fosse ler.
Parece que deu resultado, pois eu enviei o fax com a carta para a Editorial Presença numa quinta-feira à tarde e na sexta-feira estavam a telefonar-me para casa a pedir o livro, pois tinham ficado curiosos com o que eu escrevera na carta.
Demoraram 15 dias a ler o livro e daí até à edição foi um passo.

Licenciou-se em Educação Física. Isso incentivou-a se alguma forma a escrever a coleção?

Sim. Posso acrescentar que se não tivesse ido para a Faculdade de Motricidade Humana talvez nunca tivesse chegado à escrita. Foi na Faculdade que o Professor Noronha Feio ao lecionar uma cadeira sobre o povo português, me fez apaixonar pelas lendas, tradições e superstições portuguesas. Temas que estão na base dos meus livros.


Optou por literatura infanto-juvenil por alguma razão em especial?

Optei pela literatura infanto-juvenil porque comecei a escrever para os meus filhos.


A coleção tem tido muito sucesso. O que tem sido mais gratificante?

Saber que os livros da Teodora têm conseguido captar muitos leitores que eram avessos à leitura.


Tem um blogue, cujo título é “LUISA FORTES DA CUNHA - A AVENTURA DE SURPREENDER FANTASIANDO”. Porque criou um blogue?

O blogue é uma forma de estar mais perto dos meus leitores.

Que vantagens lhe tem proporcionado esta plataforma?

O blogue permite a divulgação do meu trabalho.

Fale-nos um pouco sobre as suas influências literárias.

As minhas influências passam primeiro pelas minhas leituras de infância, nomeadamente os livros dos Cinco da escritora Enid Blyton. Depois baseei-me muito nas leituras que fiz sobre lendas, etnografia e contos tradicionais de alguns autores portugueses como: Teófilo Braga, José Leite de Vasconcelos, Adolfo Coelho e Conciglieri Pedroso.
Também as brincadeiras de infância, e as minhas viagens têm grande influência no que escrevo.


Tem alguma rotina de escrita?

Uma aventura da Teodora começa sempre com um trabalho preparatório que pode demorar vários meses. Essa tarefa passa pela escolha do cenário onde se vai desenrolar a ação, as lendas e tradições dos locais escolhidos, a criação de enigmas de acordo com o tema, etc. Só depois de toda esta preparação é que começo a escrever. Nesse momento já tenho a história praticamente definida e posso escrever os capítulos a meu belo prazer, isto é, tanto posso escrever o primeiro capítulo como posso escrever o quarto ou outro qualquer.
Depois, o texto tem de ser corrido, numa aventura constante, num permanente desenrolar de acontecimentos, de forma a não dar ensejo ao jovem a colocá-lo de lado. A aventura não pode ter frases supérfluas, nem descrições desnecessárias que quebrem a ação. O jovem tem de ser agarrado desde a primeira página.
O ritmo depende do tempo que tenho para escrever, e esse é muito pouco. Como sou professora e mãe, o tempo que me resta para escrever resume-se aos fins de semana, às férias e ao fim do dia depois de todas as tarefas domésticas estarem terminadas.
Quer isto dizer que tenho de ser muito disciplinada e organizada em tudo o que faço. Uma boa gestão do tempo é fundamental e a prova disso são os catorze livros que já escrevi em dez anos.


Tem algum projecto futuro para além da Coleção “Teodora”?

Sim, já pensei em fazer uma nova coleção. O primeiro livro já está todo delineado na minha cabeça, agora só falta tempo para o escrever. Posso dizer que vai ser tão empolgante ou mais do que a Teodora.
Há já alguns anos que tenho um romance dentro da gaveta e que espera o dia em que lhe darei autorização para sair. Quem sabe se não será no próximo ano!!!
A Teodora vai continuar a aparecer com novos títulos e talvez dentro de dois anos apareça uma nova série de livros juvenis.


Deixe uma mensagem aos seus leitores.

Espero poder contar com os meus leitores nas próximas aventuras da Teodora e que continuem a gostar do que escrevo.

E aos aspirantes a escritores, pode deixar algumas palavras?

Leiam muito. Depois devem escrever, deitar fora, escrever, corrigir e reescrever.
Estes são os passos de um escritor.

Obrigada Luisa :)

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