À Lareira com... Luisa Fortes da Cunha, autora da colecção Infanto-Juvenil "Teodora".
Fale-nos um
pouco sobre si.
Sou em primeiro
lugar a mãe e depois a professora e a escritora que quer formar uma geração de
jovens criativos. Nasci em Vila Franca de Xira, mas aos doze anos fui morar
para a Figueira da Foz. É nos anos de adolescência passada na praia da
claridade que vivi grandes aventuras que me moldaram a imaginação e me
inspiraram a escrever a Teodora vinte anos depois. Sou licenciada em Educação
Física, fiz o Mestrado (antes de Bolonha) em Gestão da Formação Desportiva e
uma Pós Graduação em Educação Especial. Conheci os meandros do Conselho da
Europa com um estágio em Estrasburgo e viajei por meia centena de países.
Os meus leitores
dizem que transbordo de energia, sou alegre, simpática, bem-disposta e que
consigo manter centenas de jovens atentos nas minhas palestras fazendo-os voar
para um mundo paralelo, abrindo-lhes os horizontes e a imaginação.
Fale-nos um
pouco sobre a inspiração para escrever a colecção “Teodora”.
A inspiração para começar a escrever a Teodora apareceu em 1999, isto é,
três anos antes do lançamento do primeiro livro “Teodora e o Segredo da
Esfinge”. A ideia nasceu um pouco por acaso, um acaso que considero mágico.
Germinou a partir da necessidade que os meus filhos tiveram de encontrar um
gnomo para um trabalho da escola. Ao pesquisar sobre essa matéria na Internet
deparei-me com um mundo fascinante de fadas, duendes e outras criaturas
fantásticas que se encontravam em imensos sítios (muitos deles brasileiros).
Apaixonei-me por essa pesquisa e comecei a delinear uma personagem que culminou
com a escrita do primeiro livro.
A Teodora é uma personagem que dá
corpo a uma lenda popular que diz que a sétima filha nascida de um casal se
transforma em fada quando atinge os 12 anos. Teodora é também uma mistura de
alquimista de várias tradições: a portuguesa, escandinava, germânica e a celta.
E a oportunidade
de o editar?
Tudo começou
quando acabei de escrever o livro “Teodora e o Segredo da Esfinge”. Quando me
vi com um livro pronto nas mãos, fiquei um pouco apreensiva com a probabilidade
de nunca vir a editá-lo. Até porque eu tinha lido numa revista que editar em
Portugal era muito difícil e que os editores portugueses recebiam cerca de 40
livros por semana, e era normal recusarem tudo.
O meu pensamento
foi este: “o meu livro será um desses 40 que são rejeitados”.
Perante este
cenário, a primeira coisa que decidi fazer foi não enviar o livro, mas enviar
primeiro uma carta que aguçasse o apetite ao editor que a fosse ler.
Parece que deu resultado,
pois eu enviei o fax com a carta para a Editorial Presença numa quinta-feira à
tarde e na sexta-feira estavam a telefonar-me para casa a pedir o livro, pois
tinham ficado curiosos com o que eu escrevera na carta.
Demoraram 15
dias a ler o livro e daí até à edição foi um passo.
Licenciou-se em
Educação Física. Isso incentivou-a se alguma forma a escrever a coleção?
Sim. Posso
acrescentar que se não tivesse ido para a Faculdade de Motricidade Humana
talvez nunca tivesse chegado à escrita. Foi na Faculdade que o Professor
Noronha Feio ao lecionar uma cadeira sobre o povo português, me fez apaixonar
pelas lendas, tradições e superstições portuguesas. Temas que estão na base dos
meus livros.
Optou por
literatura infanto-juvenil por alguma razão em especial?
Optei pela
literatura infanto-juvenil porque comecei a escrever para os meus filhos.
A coleção tem
tido muito sucesso. O que tem sido mais gratificante?
Saber que os
livros da Teodora têm conseguido captar muitos leitores que eram avessos à leitura.
Tem um blogue,
cujo título é “LUISA FORTES DA CUNHA - A AVENTURA DE SURPREENDER FANTASIANDO”.
Porque criou um blogue?
O
blogue é uma forma de estar mais perto dos meus leitores.
Que vantagens
lhe tem proporcionado esta plataforma?
O
blogue permite a divulgação do meu trabalho.
Fale-nos um
pouco sobre as suas influências literárias.
As minhas influências passam primeiro pelas minhas leituras
de infância, nomeadamente os livros dos Cinco da escritora Enid Blyton. Depois baseei-me muito nas leituras que fiz sobre lendas,
etnografia e contos tradicionais de alguns autores portugueses como: Teófilo
Braga, José Leite de Vasconcelos, Adolfo Coelho e Conciglieri Pedroso.
Também as
brincadeiras de infância, e as minhas viagens têm grande influência no que
escrevo.
Tem alguma
rotina de escrita?
Uma aventura da Teodora começa sempre com um trabalho
preparatório que pode demorar vários meses. Essa tarefa passa pela escolha do
cenário onde se vai desenrolar a ação, as lendas e tradições dos locais escolhidos,
a criação de enigmas de acordo com o tema, etc. Só depois de toda esta
preparação é que começo a escrever. Nesse momento já tenho a história
praticamente definida e posso escrever os capítulos a meu belo prazer, isto é,
tanto posso escrever o primeiro capítulo como posso escrever o quarto ou outro
qualquer.
Depois, o texto tem de ser corrido, numa aventura constante,
num permanente desenrolar de acontecimentos, de forma a não dar ensejo ao jovem
a colocá-lo de lado. A aventura não pode ter frases supérfluas, nem descrições
desnecessárias que quebrem a ação. O jovem tem de ser agarrado desde a primeira
página.
O ritmo depende do tempo que tenho para escrever, e esse é
muito pouco. Como sou professora e mãe, o tempo que me resta para escrever
resume-se aos fins de semana, às férias e ao fim do dia depois de todas as
tarefas domésticas estarem terminadas.
Quer isto dizer que tenho de ser muito disciplinada e
organizada em tudo o que faço. Uma boa gestão do tempo é fundamental e a prova
disso são os catorze livros que já escrevi em dez anos.
Tem algum
projecto futuro para além da Coleção “Teodora”?
Sim, já pensei
em fazer uma nova coleção. O primeiro livro já está todo delineado na minha
cabeça, agora só falta tempo para o escrever. Posso dizer que vai ser tão
empolgante ou mais do que a Teodora.
Há já alguns anos que tenho um romance dentro da gaveta e que
espera o dia em que lhe darei autorização para sair. Quem sabe se não será no
próximo ano!!!
A Teodora vai continuar a aparecer com novos títulos e talvez
dentro de dois anos apareça uma nova série de livros juvenis.
Deixe uma
mensagem aos seus leitores.
Espero poder
contar com os meus leitores nas próximas aventuras da Teodora e que continuem a
gostar do que escrevo.
E aos aspirantes
a escritores, pode deixar algumas palavras?
Leiam muito. Depois devem escrever, deitar fora, escrever, corrigir
e reescrever.
Estes são os passos de um escritor.
Obrigada Luisa :)
Se e Cunha e BOA PESSOA!
ResponderEliminarAss.:Saphira Cunha