sábado, 2 de junho de 2012

[Opinião] - "E a Banda Continuou a Tocar" de Christopher Ward



" Foi através de um janela aberta que se beijaram ao de leve. Quando a locomotiva começou a largar vapor e a afastar-se lentamente das estação, ambos agitaram freneticamente as mãos, em despedida (...) Essa seria a última vez que se viam. "


"O quarto corpo retirado do mar seria o mais jovem de todos os que foram retirados: um menino com dois anos encontrado a flutuar, sem colete de salvação, o que sugere que a mãe o terá transportado com ela , acabando por o deixar deslizar dos seus braços."



Já acabei de ler este livro á quase duas semanas. Mas a verdade é que o tempo me foge entre os dedos.

Para quem espera que este seja um livro algo ficcionado, com alguns floreados pelo meio, desengane-se. Este é um livro directo e que nos conta tudo aquilo que os filmes não nos dizem acerca do desastre do Titanic. Acerca do depois.

Admito que a historia do acidente do Titanic me é tão fascinante como chocante. Já vi o filme uma dezena de vezes e em todas elas choro como uma Madalena arrependida. Mas ao ler este livro apercebi-me da imensidão de repercussões que este acidente marítimo teve. E essas repercussões quase nunca são contadas...caindo no esquecimento.

Com uma escrita simples e fluida, Christopher Ward, neto do violinista da banda do Titanic, John Hume, conta-nos o que se sucedeu após o grande acidente que lhe matou o avô, e que deixou devastadas centenas de familias, milhares de pessoas.

É chocante ler o modo como a grande empresa que era dona do Titanic, fugiu ás responsabilidades que tinha no acidente, como deixou as famílias sem saber nada, chegando a afirmar que não teria morrido ninguém.

Uma das partes mais fortes do livro é quando nos é descrito o momento em que foram recolhidos os corpos do mar. Mas pior foi saber a quantidade de corpos que foi "enterrado" no mar, cujas famílias nunca souberam realmente o que aconteceu ao seu familiar, nunca teve um corpo para fazer o luto. Mais grave ainda, a escolha de quem seria entregue ao mar ter sido feita através do estatuto social.

É ainda interessante perceber que o acidente não foi apenas um momento triste na historia. As suas repercussões prolongam-se nas familias dos falecidos durante anos, durante gerações. Mudaram familias, mudaram pessoas, mudaram vidas.

Um documentário muito interessante e bem conseguido, fruto de uma imensa pesquisa.
Uma leitura que apreciei imenso. Muito Bom.

A filha de Hume, Johnan, e Mary Costin

3 comentários:

  1. Estou a acabar de ler o livro e é mesmo isso que acabou de dizer. É interessante, e ao mesmo tempo chocante, sabermos o "depois" do acidente. Esse "depois" que não aparece nos filmes e que nunca é falado aquando de mais um aniversário desse trágico acontecimento. Também estou a gostar bastante!!!
    Continuação de boas leituras,
    Fernando Miguel

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  2. Adorava ler este livro, adorava realmente :)

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