quinta-feira, 3 de maio de 2012

[Opiniões Tertulianas] - "À Procura de Alaska" de John Green





"Creio que a apreciação desta leitura vai depender um pouco da maturidade do próprio leitor e que o público mais jovem não irá apreciá-la na sua totalidade" (Cris - O tempo entre os meus livros)










Este livro é daqueles que provavelmente não teria lido, pela sinopse, pois trata-se de uma narrativa sobre adolescentes, mas como foi emprestado embarquei nesta leitura e gostei do que li, e não me arrependi. Está dividido em duas partes o "antes e o depois".

A sua história gira em torno de três personagens principais, Miles um rapaz solitário tratado por "badocha", Alaska uma rapariga de uma grande beleza física e inteligência, divertida, mas de humor instável e de uma mente estranha e inconstante.  Chip um rapaz baixinho que tratam por "Coronel".
Quando Miles vai estudar para um colégio interno o Culver Creek, vai tentar o que nunca conseguiu antes que é fazer amigos, conhece então estes dois jovens, fica no quarto do "Coronel" com quem faz amizade, conhece Alaska por quem se apaixona. São alunos inteligentes que gostam de ler, e que se empenham a estudar para os exames.
Também ficamos a conhecer mais duas personagens Takumi o asiático e Lara uma rapariga  que veio de um de país de leste, todos eles vão partilhar uma amizade.
É uma história poderosa sem dúvida porque a amizade e cumplicidade que vai surgindo entre estes adolescentes é algo marcante e é isso que torna este livro diferente e não uma simples história de jovens amigos. O que fazem dentro do colégio faz parte de aprendizagens próprias da adolescência, desde o pregar partidas, a fumar cigarros às escondidas, esconder bebidas alcoólicas nos mais diversos sítios para o diretor não as encontrar. Mas digamos que por vezes ultrapassam barreiras que não deviam, e não sabem os seus limites,  correndo riscos que é próprio do ímpeto da juventude que a adrenalina induz a que façam essas mesmas coisas.  

Envolve sentimentos de uma união, uma amizade muito forte entre eles,  vão vivendo o dia a dia da melhor maneira que sabem, entre risos, partidas e traições. Miles é sem dúvida o jovem mais equilibrado, talvez por ter uns pais que gostam muito dele que o educaram e estiveram presentes, enquanto que os outros ao longo do livro vê-se que tem carências quer afectivas, monetárias ou outro tipo de problemas como traumas. Tudo isto passa-se no "antes."

O "depois" surge após o dia em que acontece algo de grave a Alaska, aí tudo se modifica nos seus comportamentos, vão sentir remorsos, culpas, do que poderiam ter feito para impedir, mas sem certezas de nada. Passamos para a parte da procura da verdade, com muitas emoções que nos deixam com dúvidas sobre o que terá acontecido verdadeiramente,  ficamos agarrados à narrativa naquela expectiva que tudo se descubra, existe um afastamento entre eles até  ficarem a saber realmente o que aconteceu,  e assim conseguirem prosseguir com as suas vidas para a frente sem culpas.

Uma passagem de um livro sublinhada por Àlaska - que Miles leu após o seu desaparecimento.
"Ele ficou abalado pela avassaladora revelação de que a corrida entre azares e os seus sonhos estava nesse momento a atingir a linha da meta. O resto era escuridão. - Que diabo - suspirou ele. - Como é que alguma vez haverei de sair deste labirinto?!" ( é o que sente Miles no fundo)

Resumindo é um livro forte sem dúvida, apesar de não ter sido dos melhores livros que li, gostei pela forte ligação que estes jovens criaram, fez-me recordar um pouco a minha adolescência, ainda sorri de algumas das suas partidas. Enfim não é um livro que se esqueça pois marca pela sua narrativa forte, pelo misto de sentimentos ao longo do mesmo, sendo também o seu final misterioso. 
Recomendo.

Odete Silva

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