sexta-feira, 11 de maio de 2012

[Opinião] - "À Procura de um Lugar" de Fátima Marinho




“Tenho um filho mongoloide e estou com esta cara? Claro que sim. Zangada estava eu, se tivesse uma cara como a sua. Agora com esta cara linda que Deus me deu, acha que devo estar triste?”


“ Quando morre, ou para sempre se afasta, alguém que amamos muito e também nos amou de verdade, precisamos de muitos dias de silêncio para refazer o pedaço de coração que essa voragem nos roubou.”





Recebi este livro já há algum tempo, num passatempo da editora e admito que estava com algumas expectativas. Talvez demais, visto que a sua leitura foi uma desilusão. Não que o livro seja mau, não é, até porque não acho que aja maus livros. Apenas não foi de encontro com as minhas expectativas.

É realmente um livro comovente e que nos faz pensar no que é viver com um individuo, seja ele criança ou adulto, com síndrome de Down, ou trissomia 21.  Ao longo do livro percebemos algumas das dificuldades que os pais e familiares passam por terem uma criança diferente. A sociedade não está, infelizmente, aberta e informada sobre estas pessoas, o que leva a que estes indivíduos sejam discriminados e, muitas vezes, gozados, assim como a sua família.
Numa das frases que escolhi para colocar neste post lê-se precisamente isso. Para as pessoas em geral, uma criança com trissomia 21 é apenas um mongolóide, de quem temos que ter pena. AO longo da leitura percebe-se muito bem esta faceta da vida destas famílias e destas pessoas.

O livro é escrito da perspectiva do Vicente, o que sinceramente, ainda me elevou mais as expectativas acerca desta leitura.
O que não me agradou foi o facto de, muitas vezes, o Vicente se dispersar nos assuntos que estaria efectivamente a abordar, o que fazia com que me perdesse na leitura e tivesse que voltar sistematicamente atrás ou a tentar perceber de onde vinha aquele assunto.

É, no entanto, um livro que se lê num folgo, com uma escrita leve e fácil. Uma leitura comovente por e tratar de uma criança, mas acima de tudo por ser realidade e por vermos o quanto dessa realidade ainda precisa de mudar para que pessoas como o Vicente possam ter uma vida com qualidade.

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