[Opinião] - "O Menino que sonhava Chegar à Lua" de Sally Nicholls

“Eu nunca mais terei de ir para o hospital. O Dr. Bill prometeu-me. Tenho de ir à clinica, nada mais. Se adoecer mesmo a sério, posso ficar em casa.

Isto porque vou morrer.”

“Estas novas drogas podem resultar durante muito tempo, diz o Dr. Bill. Há pessoas que vivem um ano inteiro, graças a elas, ou ainda mais. Eu já tive quatro meses.”

Li este livro num ápice. Assim que o comecei a ler, ele agarrou-me de tal maneira que não era capaz de o largar.

Tinha-o na estante desde os anos da minha irmã, pois foi-lhe oferecido nessa altura. Nunca me lembrei dele, até ao dia que olhei com mais atenção para a minha estante. Peguei nele por ter um nome sugestivo e por ser relativamente pequeno e fácil de transportar.

Estava eu na faculdade a dizer que a minha meta é trabalhar na oncologia pediátrica quando decido ler a sinopse do livro que ia começar a ler. Enfim, coincidências suponho.

Este é um livro magnifico, comovente, cativante e, mesmo tendo um tema complicado, bastante fácil de ler. Posso dizer, e eu sou bastante chorona, que só me vieram as lágrimas aos olhos no final do livro.

“Há histórias com um final triste que são encaradas de uma forma positiva. Tudo depende do ponto de vista.” (sinopse)

Esta é a história de Sam, um menino que sofre de leucemia e que sabe que vai morrer. E é uma história contada pela sua pessoa (ficcionada por Sally Nicholls). O facto de todo o livro ser como que escrito pelo próprio Sam aligeira um pouco a sua leitura. Não foram raras as passagens do livro nas quais me ri ou esbocei um sorriso, pois está escrito com uma leveza extraordinária, mas nada ofensiva para o tema em si. Quase me arriscaria a pensar que poderia ser, de todo, uma história verídica, escrita por um rapazinho de 11 anos.

Ao longo de todo o enredo conseguimos perceber que Sam aceitou, de alguma maneira, que iria morrer, e então decidiu escrever o seu livro, onde partilha os seus últimos pensamentos. É desta maneira que conhecemos as restantes personagens, os seus pais, a sua irmã e o seu melhor amigo. E é através das suas descrições que vamos percebendo como cada um deles vive a sua doença, lidando cada um á sua maneira com a situação.

É um livro enternecedor, emocionante e fascinante. Aconselho a sua leitura, sem duvida nenhuma.

Pode ser por um motivo pessoal, não o descarto, mas arrisco-me a dizer que foi um dos livros que mais gostei de ler e que, de certeza, pegarei novamente. Um tema difícil escrito com uma leveza fascinante e apaixonante.