domingo, 27 de maio de 2012

[À Lareira Com] - Filipe Cunha e Costa






À Lareira com...Filipe Cunha e Costa


Fale-nos um pouco de si.

Uma tarefa ingrata à qual não escondo que me furto sempre que posso. Já me disseram que a melhor forma de me conhecer é através da minha escrita, visão que eu subscrevo integralmente. Em traços gerais, limito-me a constatar o óbvio, de que “não sou grego nem ateniense, mas sim mais um cidadão do mundo”.

“O gosto pela leitura e pela escrita manifestou-se desde muito cedo na sua vida”. Quais as suas memórias mais antigas relacionadas com este gosto?

O gosto pela escrita foi um gosto que se foi desenvolvendo ao longo dos anos, tendo passado por diversas fases, mas que olhando para trás consigo identificar uma linha contínua. Recordo-me bem que as minhas primeiras composições, escritas no âmbito escolar, nesse longínquo ensino primário, eram na altura, no âmbito das provas de língua portuguesa, os exercícios que mais ânimo e prazer me davam. E que já nesse tempo alimentava o sonho de vir a ter a “profissão” de escritor quando “fosse grande”.

Dedicou-se “à criação de textos sob a forma de prosa e poesia assim que entrou em contato com as primeiras letras e com o universo da palavra escrita”. Lembra-se  de algum desses primeiros textos? Pode-nos falar um pouco sobre ele?

Lembro-me, efectivamente, do momento em que compus o meu primeiro poema, o que constituiu uma total novidade para mim, na medida em que todos os meus trabalhos escritos até então tinham sido em prosa, soba forma de composição. A poesia era ainda algo completamente novo. O título desse poema é “Primavera”, e nada mais do 3 quadras o compõem. Sem dúvida um momento que me marcou.

Tem um blogue, semjustacausa.blogspot.com. Quando e como surgiu este cantinho?

O “Sem Justa Causa” surgiu em Outubro de 2011, e consiste num projecto que, para ser justo, mereceria um acompanhamento mais contínuo da minha parte. Trata-se de um blog não subordinado a nenhuma temática específica, um espaço para textos de não ficção onde sempre que posso e me sinto inspirado vou escrevinhando observações sobre determinados temas, carimbando-as com um cunho pessoal, nem sempre actualizado tão regularmente quanto devia. Espero dedicar-lhe mais tempo nos próximos meses. De qualquer forma, ultimamente tenho prestado mais atenção a um blog bem mais recente – http://cronicasdelusomel.blogspot.pt/ – este inteiramente dedicado à saga “Crónicas de Lusomel”, do qual “O Templo dos Três Criadores” constitui o primeiro livro. As portas de um e outro estarão sempre abertas para quem os quiser visitar.

Publicou recentemente o seu primeiro livro “O templo dos três criadores”. Como surgiu a ideia de escrever um livro no género fantástico?

A ideia teve origem em 2009, quando comecei a criar o primeiro esboço do que viria a ser a minha história, tendo sido largamente desenvolvida em 2010 e finalizada em 2011. O livro insere-se, efectivamente, no espectro do Fantástico, o que, a meu ver, deve-se essencialmente ao facto de ser um género literário com o qual me identifico na qualidade de assíduo leitor, e de ter a tremenda capacidade de não se limitar às barreiras da realidade, extravasando-as, desconstruindo-as, e das suas cinzas ser capaz de criar algo de absolutamente novo. Começar a explorar esse tremendo espaço de liberdade foi só uma questão de tempo.

Em que se inspirou para a história e para as personagens?

Ao nível da história em si, acredito que ela tenha sido largamente influenciada pela generalidade das minhas leituras, mais especificamente, como é natural, pelos livros de Fantasia que já fazem parte do meu repertório. É às leituras que vou buscar grande parte da inspiração, e a influência que estes livros tiveram na construção do mundo que criei não pode ser menosprezada. As personagens em si mesmas consideradas foram também elas uma decorrência do mundo por mim criado, das suas características, natureza, ambiente, em suma, do seu código genético. Como actores principais desse novo mundo dado a conhecer, era fundamental que estivessem devidamente enquadrados e em sintonia com o mesmo. A mitologia também terá desempenhado um papel importante na construção de ambos. Isto apenas para nomear as principais influências, já que a maioria delas se manifesta de uma forma tão subtil, que muitas vezes nem nos apercebemos que trespassaram para o nosso trabalho.

Está a trabalhar no segundo volume da saga Crónicas de Lusomel. O que nos pode adiantar sobre a continuação da saga?

Neste momento estou empenhado em acompanhar o processo de amadurecimento deste primeiro livro, em testar qual o seu valor comercial e literário, ir recolhendo impressões e melhorar com elas. Mas naturalmente que tenho os olhos postos numa continuação, na qual já comecei a trabalhar, tendo em conta que este projecto foi desenhado para ter uma sequência. Como os leitores certamente notarão, a história que tenho para contar não termina na última página deste livro, e há muitas questões por responder deixadas para livros futuros. Assim, num próximo volume, espero dar desenvolvimento à história pegando no ponto em que a deixei, continuando no rumo traçado, aprofundando a intriga da acção e dando resposta às questões deixadas em aberto. No final, quero ter uma história coesa e coerente, sem deixar pontas soltas, que seja agradável e capaz de entreter.

Tem mais algum projeto em mente?

A continuação desta saga constitui, neste momento, o meu principal projecto literário em mente. Todavia, ainda este ano deverei vir a ter um outro texto meu publicado, mais concretamente um conto erótico de fantasia que foi admitido no concurso literário “Erotica Fantastica” levado a cabo pela Editora Draco em 2011, e que será publicado numa Antologia no final deste ano. Em relação ao meu livro recém-publicado, espero seguir de perto o seu trilho pelo mercado literário, receber críticas e aprender com elas, tomar contacto com os leitores, retirar o melhor que esta experiência me pode proporcionar. E venham de lá as novas ideias e desafios, estarei sempre disposto a abraçá-los.

Já escreveu vários géneros. Escreveu o poema “Os Dias” e o conto “Memórias de Alto-Mar”. Tem, no entanto, algum género com o qual se identifique mais?

Não. O que acontece é que me vou dedicando a cada momento ao projecto que sinto que estou mais inspirado e/ou motivado para explorar. A minha escrita já esteve vocacionada para cada um desses géneros, e por todas as fases que passou, proporcionou-me sempre um gosto enorme em escrever. Quero, acima de tudo, fazer por manter esta heterogeneidade.

Para terminar, deixe uma mensagem aos nossos leitores, verdadeiros fãs de literatura.

“Não há assuntos pouco interessantes, o que há é pessoas pouco interessadas” – (Gilbert Chesterton). Não limitem a vossa leitura. Sejam críticos acima de tudo. Boas leituras!

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