À Lareira Com...Andreia Ferreira, autora de "Soberba Escuridão"
Fala-nos um pouco sobre ti
Tenho 24 anos e completo um quarto de século em Julho. Sou recém-licenciada em Línguas e Literaturas europeias na Universidade do Minho em Braga, que é também a cidade onde cresci e resido actualmente.
Tenho um grande vício que é a leitura, mas uma vez que não há nenhuma instituição dos “leitores anónimos”, mantenho-o e continuo a aproveitar todos os minutos livres para mergulhar nos livros.
Escreveste o teu 1º conto aos 12 anos. Conta-nos um pouco sobre ele.
O conto que escrevi chamava-se “Ela sabia demais!” e conta a história de uma jovem que de repente começa a ouvir os pensamentos das outras pessoas. Ao contrário do que muita gente diz, que gostava de ter esse dom, a minha Lili vê-se confrontada com informações que não queria, nem deveria, saber. Afinal, nem sempre aquilo que pensamos no momento é o que sentimos.
Como e quando surgiu esse gosto pela escrita?
O gosto pela escrita surgiu cedo. Na escola primária já adorava quando me era dada a tarefa de criar composições. Sempre me senti tentada a colocar a minha imaginação no papel.
Por volta dos onze anos, comecei e rimar e a escrever poemas. Essa forma de expressão escrita manteve-se durante muitos anos, até que me surgiu a vontade de criar algo maior.
Qual a lembrança mais antiga que tens relacionada com a escrita? E com a leitura?
Lembro-me de aprender as letras. A professora desenhava as letras a giz na carteira e dizia para contornar o dedo por cima para aprender como é que se criava a letra do nada.
Com a leitura, sou remetida a quando não sabia ler e olhava para as revistinhas da Mônica desejando conseguir perceber o que diziam aqueles balões.
Quando aprendi a ler, fui lançada para o mundo de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, assim como quase todas as crianças da minha geração. A colecção “Uma aventura” foi a primeira aquisição para as minhas estantes. Depois disso, veio a colecção dos “Arrepios” e com ela a minha inclinação para as histórias de terror e fantásticas.
Em Junho de 2010 criaste o teu blogue, D311nh4. Como surgiu essa ideia?
O blogue d311nh4 surgiu como um local para arquivar os meus “poemas” e outras formas de escrita que ia criando, assim como comentários aos filmes que via e aos livros que lia. Com o tempo conheci outros blogues do género e informei-me do conceito de parceria com as editoras. Depois foi sempre a crescer. O facebook impulsionou-o para as visualizações que tenho hoje.
O blogue é um local muito especial para mim, onde dedico muito tempo. Fico feliz de ver que o meu cantinho agrada a muita gente e que seja procurado para auxiliar a escolha das próximas leituras, entre outras coisas.
O que consideras mais gratificante como autora de um blogue literário?
Sentir que faço a diferença na escolha das leituras. É gratificante que as minhas opiniões sejam levadas em conta quando alguém pega num determinado livro.
Em 2011 escreveste o teu 1º romance, “Soberba Escuridão”, publicado pela Alfarroba. Como surgiu a ideia e a oportunidade para o escreveres?
O “Soberba Escuridão” surgiu com o primeiro capítulo que narra um pouco o medo mais comum, a entidade no nosso quarto. Depois disso foi seguir o fio condutor da história e deixa-la fluir até onde ela ainda me leva.
A fase de publicação foi mais complicada, pois é bastante complicado um jovem autor fazer-se ouvir neste país e merecer o crédito e risco de ser lançado. A Alfarroba apareceu mostrando interesse pelo que é nacional e claro, pela minha história. Até à data estou muito satisfeita com a dedicação deles.
Em que te inspiraste para escreveres o seu enredo?
A inspiração do “Soberba escuridão” vem das pessoas, dos seus medos, da maldade que existe nelas e na loucura que as apanha nas fraquezas. Há muita gente que o lê como uma história de amor e não consegue ainda ler as entrelinhas.
É obviamente um livro que se enquadra no fantástico pela presença constante de seres sobrenaturais e é escrito dando ênfase às emoções e aos sentimentos que estes provocam. Sejam eles o medo, a confusão ou até mesmo o deslumbre.
A inspiração vem também de tudo que eu leio e de tudo que vejo. Para resumir, diria que a minha inspiração é a própria vida.
Estás a terminar a escrita do teu segundo livro, “Soberba Tentação”. O que nos podes revelar sobre ele?
O “Soberba Tentação” traz um novo significado às relações entre humanos e sobrenaturais. Encontram-se respostas para questões levantadas no primeiro volume e mesmo pormenores que pareceram irrelevantes, aparecem agora como parte integrante no enredo.
Este livro não se centra só na Carla. Há um foco maior nas restantes personagens.
O que sentes quando lês criticas positivas ao teu livro?
Vou à lua, releio a crítica de lá e volto à terra com uma vontade enorme de escrever.
Não há nada mais gratificante para um autor do que ver o que ele escreveu apreciado pelos outros. Se assim não fosse, guardaria o livro numa gaveta. Quem publica escreve para ser lido. Se o que escrevemos agrada e diz algo a alguém, então trabalho foi bem feito.
Qual a parte mais gratificante em escrever um livro?
A criação das personagens. As minhas personagens são agora tão reais que eu falo delas como se tivesse a falar de uma pessoa amiga. Imaginar as reacções que elas teriam em determinadas situações e no fundo ditar o seu destino, é a sensação mais próxima de Deus que conseguimos chegar.
Tento sempre encarná-las, o que acaba por me ligar a elas de uma forma íntima.
E a mais frustrante?
Ter a história pronta a ser contada e não encontrar as palavras certas para o fazer. É deveras frustrante empancar porque não sentimos as palavras a ligarem-se ao momento.
A tua formação em Línguas e Literaturas Europeias influencia de algum modo a tua escrita? Como?
Sim. O meu curso, para além da parte do inglês e português como língua, também nos especializa na cultura, sobretudo literária, desses países. Logo, a leitura e a sensibilização para os clássicos trouxeram alguma maturidade e conhecimento das diferenciações encontradas dentro do seio literário. Daí eu não conseguir apontar um livro que não goste como mau, porque sendo a literatura uma arte, ela pode desagradar a uns e deliciar outros.
Vou viver a aprender sobre a literatura e tenho a certeza de que vou morrer sem nada saber.
Como te imaginas daqui a 10 anos?
Imagino-me a escrever. Se vou ou não conseguir uma estabilidade para escrever a tempo inteiro, não sei, mas a necessidade de contar histórias far-me-á conciliar o que a vida me reservar com a escrita.
Para terminar, deixa uma mensagem para os nossos leitores, como sabes amantes de livros.
Apelo à leitura do que é nacional. Não pretendo com isso que deixem de ler o que é estrangeiro, longe disso pois eu também leio. No entanto há na nossa língua um variado leque de géneros, para agradar a todos os gostos.
Uma rubrica muito interessante e que estou a seguir com muita atenção! bj
ResponderEliminarTenho este livro nos meus planos de leitura!