quarta-feira, 18 de abril de 2012

[À Lareira Com] - Adoa Coelho

Bom Dia e Boa Quarta Feira. Pois é, hoje estou a trazer-vos mais um À Lareira Com, que passa assim, e por enquanto, a ser publicado às quartas e ao domingo, devido a ter imenso material para divulgar (que bom =D).
Hoje, trago-vos Adoa Coelho, autora do livro "Ups engoli uma estrela - Despertar".


À Lareira Com...Adoa Coelho, autora do livro "Ups, Engoli uma estrela: Despertar"

Adoa Coelho é escritora, tem 40 anos e vive, de momento, na Alemanha, sendo natural de Vila Nova de Gaia.


Como surgiu a ideia de escrever “Ups, engoli uma estrela”?

A ideia de escrever o Ups! Engoli uma Estrela surgiu de um conto sobre um dragão que tinha engolido uma estrela. Fiquei insatisfeita porque queria saber mais sobre ele. Apercebi-me que poderia dar um livro e fui em frente.

O que sentiu ao escrever este livro?

Senti que pela primeira vez conseguia escrever sobre bullying sem mágoa. Foi todo um processo. Já antes havia tentado escrever um livro sobre o tema, mas estava a ficar muito perturbada ao relembrar tudo o que havia vivido. Sempre me tinha visto como vítima de bullying. Acreditava que “uma vez vítima, para sempre vítima”. Agora consegui ultrapassar tudo isto e curei a “vítima”, ou seja, percebi a minha co-responsabilidade no processo e posso afirmar que foi um ponto de viragem na minha vida. Escrever o livro ajudou imenso.

O que a escrita significa para si?

Para mim a escrita constituiu a salvação num período muito difícil da minha vida. Há quatro anos comecei a ter problemas de saúde que me fizeram perder o trabalho. A dada altura pouco ou nada conseguia fazer com os braços. Comprei uma pen tablet que me permitiu escrever com menos esforço e exorcizei algumas mágoas! Mais tarde, e já com um agravamento da saúde, foi também na escrita que me refugiei. Na impossibilidade de encontrar um emprego que pudesse fazer, foi a escrita que me retirou da depressão em que me estava a afundar. Por isso, é apenas justo falar da escrita como a minha salvação. É onde me encontro.

A sua formação em Artes Plásticas influencia em alguma coisa a sua escrita?

Apenas totalmente, embora não tenha terminado o curso. Este facto permite-me visualizar melhor as cenas que estou a escrever, tornando-as mais reais. Também influenciou na utilização de certos símbolos nos livros e mesmo na visualização dos personagens. Fui eu quem fez os desenhos contidos no livro que, não tendo sido feitos com a intenção de divulgar, foram cruciais.

Em que se inspira para escrever?

Na vida. Deixo que os personagens sigam o que precisam. Tento influenciar pouco, embora saiba onde quero chegar em determinada cena. Vejo tudo como se fosse um filme. Depois, como acabo por ficar bastante obcecada com a história quando estou a escrever, tudo o que vou vivendo no dia-a-dia serve às vezes para dar certos impulsos aos personagens.

Gosta de ler?

Adoro ler! Às vezes apanho-me a ler uns quantos livros ao mesmo tempo. Estou a tentar contrariar isso. Tenho uma estante com três filas de livros em cada secção. Luto com a falta de espaço!

Tem algum género literário preferido?

Sempre li ficção-científica e ficção. Adoro livros infanto-juvenis. Agora ando muito virada para os livros de auto-ajuda e de autores portugueses.

Refira um livro que possa dizer ser um dos livros “da sua vida”.

É difícil falar apenas de um. Existem vários que me influenciaram de várias maneiras. Cada qual de maneira bastante especial... “Dune” de Frank Herbert... “Ana e o Tio Deus” de Fynn... “Fernão Capelo Gaivota” de Richard Bach... São alguns.

Tem em vista algum projecto a nível da escrita para breve?

Para já estou concentrada na sequela do Ups! Engoli uma Estrela e na promoção do primeiro dos livros. O segundo livro já está nas mãos da editora e estou com o terceiro quase a meio.

Quando pensa na sua carreira na escrita daqui a 5 ou 10 anos, como a imagina?

É sempre difícil falar sobre o futuro porque não ele existe. Nós nunca saberemos o que a vida tem reservado para nós. Só posso falar do que faço agora e vai na direcção de evoluir na escrita e torná-la mais consistente. Leio bastante, pesquiso, procuro aprender mais e mais sobre contar histórias.

O que julga ser mais difícil em ser escritor em Portugal?

Começar! Mas é difícil em qualquer parte do Mundo! Para quem está à procura de editora, são muitos os desafios, mas são ainda os primeiros a enfrentar. De seguida vem toda a parte de marketing, promoção, tornar os livros e o nosso nome conhecidos. É preciso muito trabalho de bastidores para conseguirmos chegar às livrarias. Penso que seja esta a parte mais! Na realidade, escrever torna-se o mais fácil de todo este enquadramento.  (Estou a rir!)

Sente que os autores portugueses são desvalorizados, que mesmo nós portugueses lemos poucos livros escritos por portugueses?

As pessoas têm a tendência de ler o que conhecem. Se elas desconhecem o mercado nacional, é porque alguma coisa está a falhar. Não acredito que haja desvalorização dos autores portugueses pelo público português. Em Portugal escreve-se ao nível de qualquer outro país, se não melhor. Obviamente ainda há muito a fazer em relação à ficção-científica e ficção propriamente dita. Nós, os autores, temos que ser persistentes. Há muitas revistas, zines, blogues onde podemos dar-nos a conhecer. E há imensas pessoas de valor a querer mostrar o que escrevem. 

O que pode dizer aos nossos leitores, apreciadores de livros, para que nunca deixem de ler?

Quem aprecia livros, não consegue simplesmente deixar de ler... Existem clubes de leitura, clubes de troca de livros... Não existem na vossa área? Podem começar um! ... blogues sobre livros e bibliotecas fantásticas em todo o lado. E depois, há alturas do ano em que podemos dar uma ajuda nas nossas bibliotecas pessoais... No outro dia andava a passear numa cidade aqui à beira, quando reparei num loja de brinquedos onde as crianças tinham uma caixa com a data de aniversário e os amigos podiam ir comprando as prendas, colocando-as na tal caixa. Se calhar era uma ideia a adoptar por nós, amantes de livros! Ter uma lista numa livraria e assim, os nossos amigos, quando não soubessem o que oferecer no nosso aniversário ou natal, tinham a tarefa simplificada!

Obrigada Adoa Coelho.

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