sábado, 25 de fevereiro de 2012

[Personalidades] - Irena Sendler

Na semana da morte de Whitney Houston, vi bastantes comentários sobre a morte de Irena Sendler. Bem, esta senhora não morreu no mesmo dia que a cantora, mas sim em 2008. Foi no entanto uma personalidade importante durante o Holocausto. Conhecem a sua história?


Irena Sendler, ou Irena Sendlerowa em polaco, nasceu em 1910. Ficou conhecida como o "anjo do gueto de Varsóvia" por ter ajudado a salvar mais de 2500 crianças durante a segunda guerra mundial.

"A razão pela qual resgatei as crianças tem origem no meu lar, na minha infância. Fui educada na crença de que uma pessoa necessitada deve ser ajudada com o coração, sem importar a sua religião ou nacionalidade"

Quando a Alemanha nazi invadiu a Polónia em  1939, Irena Sendler era assistente social no departamento de bem-estar social da Cidade de Varsóvia. Neste departamento trabalhava com enfermeiras e organizava espaços de refeição comunitários, sempre com o objectivo de atender às necessidades dos mais necessitados.
Esses locais não proporcionavam apenas comida, mas também roupas, medicamentos e dinheiro, tanto a órfãos, como a pobres e idosos, católicos ou judeus.

Em 1942 foi criado, pelos nazis, o Gueto de Varsóvia, para onde eram levadas as famílias judias. Irena ficou horrorizada pelas condições que as famílias tinham ali, e uniu-se ao Conselho para a Ajuda aos Judeus:

"Consegui, para mim e minha companheira Irena Schultz, identificações do gabinete sanitário, entre cujas tarefas estava a luta contra as doenças contagiosas. Mais tarde tive êxito ao conseguir passes para outras colaboradoras. Como os alemães invasores tinham medo de que ocorresse uma epidemia de tifo, permitiam que os polacos controlassem o recinto."

De modo a andar pelo gueto sem chamar as atenções sobre si, e como sinal de solidariedade, Irena usava sempre uma braçadeira com a estrela de David. rapidamente entrou em contacto com algumas dessas famílias, a quem propôs levar os seus filhos para fora do gueto. Muitas vezes as famílias não deixavam, e quando Irena lá voltavam, toda a família tinha sido levada para os campos de concentração.

Ao longo de 1 ano e meio, até o Gueto ter sido evacuado, conseguiu resgatar mais de 2500 crianças. Recolheu-as através de ambulâncias, sacos e cestos do lixo.

O seu objectivo não era apenas mantê-los vivos, mas sim que, quando a guerra acabasse, todos eles pudessem saber quem realmente são, e pudessem ter a sua identidade e família de volta. Assim, criou um arquivo onde registava todos os nomes e dados relevantes sobre cada criança, bem como a sua nova identidade.

Em Outubro de 1943, devido a ter sido descoberta pelos nazis, Irena foi presa pela Gestapo e levada para a prisão de Pawiak, onde foi torturada. Nunca quebrou o seu silencio, não denunciou nem as crianças que salvou, nem as pessoas que a ajudavam. Foi condenada à morte. 
Enquanto esperava pela execução, um soldado alemão levou-a para um "interrogatório adicional". Ao sair este gritou-lhe "Corra". 
No dia seguinte, Irena viu o nome do soldado na lista de polacos executados. Após isso, Irena continuou o seu trabalho através de uma identidade falsa.

Em 1944, durante o levantamento de Varsóvia, Irena enterrou os seus registos de modo a não caírem nas mãos erradas. Quando a guerra acabou, desenterrou-os e entregou-os ao presidente do Comité de Salvação dos Judeus sobreviventes. Infelizmente, a maioria das famílias das crianças salvas, tinham sido mortas nos campos de concentração.

As crianças só conheciam Irena pelo seu nome de código, Jolanta. Mas quando ela foi premiada pelas suas acções humanitárias, e o seu rosto saiu no jornal, um homem ligou-lhe e disse-lhe: "Lembro-me de seu rosto. Foi você quem me tirou do gueto." Assim começou a receber muitas chamadas e reconhecimentos públicos.

Em 1965, a organização Yad Vashem de Jerusalém atribuiu-lhe o título de Justa entre as Nações e nomeou-a cidadã honorária de Israel.

Em 2007, Irena Sendler foi apresentada como candidata ao Prémio Nobel da Paz pelo governo da Polónia. A sua candidatura foi apoiada por inúmeras instituições, inclusive as autoridades de Auschwitz. No entanto, o prémio desse ano foi entregue a AlGore, pela sua defesa do ambiente.

Irena Sendler morreu, em  Maio de 2008 .

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