Vocês devem-se estar a perguntar porquê uma entrevista com a Andreia Ferreira outra vez. Pois é, esta autora publicou recentemente o seu segundo livro "Soberba Tentação" (o qual já li e vou publicar opinião brevemente), e na conversa de hoje, falamos sobre a continuação da saga.
À Lareira Com...Andreia Ferreira, sobre o seu livro "Soberba Tentação".
Quando soubeste que o “Soberba Escuridão” iria ter uma sequela?
O “Soberba Escuridão” passou a sequela mais ou menos a meio, quando surgiu o demónio Odete. Isto porque o horror criado não era suficiente para a entidade originalmente pensada, não era suficiente. Até aí o vilão era outro, transportado, assim, mais para a frente na história.
Depois, terminado o “Soberba Escuridão”, centrei-me na ideia da Succubus – o demónio da luxúria, da tentação – e resolvi criar um terceiro demónio, que viria a anteceder o original. Irão conhecer a Rita, a demónio do segundo livro, no prólogo. Já a original, deixei-a para o fim, apesar de ela ser mencionada no “Soberba Tentação”.
Temos um crescimento gradual, ao longo dos três livros, no que toca aos vilões.
Porquê “Soberba Tentação” para este segundo volume?
O título foi imediato. Após idealizar a Rita, não haveria nome mais adequado para nomear este segundo volume.
No entanto, as personagens atravessam situações onde escolhas terão de ser feitas. Tanto a protagonista, a Carla, como a Ana, a Raquel, o Ricardo e até mesmo o Miguel, sentirão na pele a força do chamamento primitivo. Resta a questão: quem vencerá neste duelo, a razão ou a tentação?
Onde te inspiras para continuar o enredo que envolve Carla e todos os outros personagens?
Na vida. Não há nada mais inspirador do que o quotidiano.
Li recentemente um artigo no blogue de Terence Blacker que diz que os autores “são espiões na casa daqueles que amam”. Mas eu ainda penso que vamos mais longe do que isso, quem escreve acaba por absorver os comportamentos alheios de tudo e todos que o rodeia. Eventualmente esses comportamentos irão criar forma dentro das histórias ficcionadas.
As minhas personagens não são pessoas reais, mas sim fragmentos daquilo que conheço. Normalmente hiperbolizando, sobretudo, os defeitos.
Depois das críticas feitas ao teu primeiro livro, estás empolgada com a publicação deste teu segundo “filho”?
A receção do “Soberba Escuridão” foi uma surpresa para mim.
Conheço as dificuldades que os jovens autores têm de se fazer ouvir, principalmente em Portugal onde a literatura ainda é muito lineada pelos clássicos e pelos grandes nomes da história portuguesa. A temática também não é famosa entre os especialistas, que subjugam o fantástico ao público adolescente. Não há erro maior do que esse. A fantasia é escrita pelo mundo fora por grandes nomes, cada vez mais sonantes, e dirigido a um público adulto e capaz de lidar com temas que requerem alguma reflexão.
Já na fantasia urbana: “o que é estrangeiro é que é bom.”
Felizmente, essa tendência está a mudar. O meu “Soberba” foi bem recebido e a prova disso é a divergência de opiniões que o envolve. E, dentro do que assisto com tantas obras caídas no esquecimento, sinto-me feliz por ver que, após um ano, ainda se discute, se fala e se procura o livro.
Como dizem os americanos: “Baby steps”.
O “Soberba Tentação” tem a responsabilidade acrescida, porque já se criaram expetativas em torno da vida da Carla; já há personagens queridas e personagens odiadas. Aqui recai o meu entusiasmo, surpreender, trocar as voltas aos leitores, manter o interesse pela narrativa vivo; assim como gosto que me façam a mim.
Fala-nos um pouco sobre ele. O que nos podes dizer sobre este livro?
Este volume tem mais ação. As personagens secundárias ganham maior importância e, consequentemente, a Carla perde um pouco o protagonismo.
Iremos conhecer mais da Ana – personagem que suscitou mais curiosidade -, Ricardo e Raquel. Esta última tem um papel quase paralelo do enredo principal, com grande destaque.
O psicológico adensa-se e as perguntas, que surgiram no primeiro, começam a ser respondidas, levantando outras para o desfecho.
Tendo por base as opiniões, prevejo que muita gente irá ficar surpresa com o seguimento que a história tomou, que já tinha sido pensada dessa forma inicialmente.
A capa do “Soberba Escuridão” é preta, e este é mais claro, em tons de branco. Como surgem as ideias para as capas?
As capas acompanham a palavra-chave. Esta poderia ser vermelha, para se ligar à palavra “tentação”, mas ficava demasiado agressivo e delimitava muito a exposição da mensagem com imagens. O branco permitiu jogar mais com o tema.
Resta-vos adivinhar que cor acompanhará o terceiro livro.
;)
Haverá um terceiro livro, “Soberba Ilusão”. Já está a ser escrito?
O “Soberba Ilusão” tem esqueleto montado, final pensado (até epílogo esquematizado!), mas ainda só tem uma página escrita.
Prevejo que este será o mais trabalhoso dos três e, consequentemente, o que me irá roubar mais tempo e alma para o construir. Preciso encontrar espaço para me dedicar a ele.
Durante o próximo ano, ele erguer-se-á.
Será então o último livro da Trilogia Soberba. Já sabes que final irás dar aos personagens que durante todo este tempo te acompanharam?
Sim, em geral o final está decidido. Tenho algumas dúvidas em relação à Ana, mas, decerto, perto da fase final, o clique irá surgir e um dos dois (finais para a personagem) irá vingar.
O que gostarias de dizer aos nossos leitores para que os deixasses ainda mais curiosos para este livro?
Para quem leu o “Soberba Escuridão”, preparem-se para terem as voltas trocadas. Havia muitas entrelinhas para captar e poucos foram os que o fizeram.
Uma dica? Eu não escrevi uma história de amor.
Para quem não leu, arrisquem!
;)
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