Analogia dos Sintomas
Um dia risquei-te com giz,
Do quadro dos meus sintomas.
No dia seguinte lá estavas,
De novo,
De braços cruzados, sem arredar pé,
Renitente com pose de quem veio para ficar.
Culpei o giz,
Que estava gasto de tanto te riscar.
E o quadro também,
Porque tinha permitido cravar o teu eu
E agora as cicatrizes formavam vincos,
Fundos como rasgões.
Na medida dos teus desejos,
Eu projectava os meus,
Mas não eram meus,
E nem sequer teus.
O teu silêncio falava mais alto,
E eu tapava os ouvidos e gritava.
Na minha sombra eu só via a tua,
Que me perseguia,
Inerte, altiva mas incapaz,
E eu fugia para o escuro.
Trocaste o meu sol por um que era só teu,
Sem brilho,
E eu não quis mais brincar.
Vestiste a minha lua de negro gélido,
E eu senti o frio da solidão.
Um dia, comprei um giz novo,
Risquei-te do quadro dos meus sintomas,
E senti a beleza de nada sentir
Cecília Mathiotte
Um dia risquei-te com giz,
Do quadro dos meus sintomas.
No dia seguinte lá estavas,
De novo,
De braços cruzados, sem arredar pé,
Renitente com pose de quem veio para ficar.
Culpei o giz,
Que estava gasto de tanto te riscar.
E o quadro também,
Porque tinha permitido cravar o teu eu
E agora as cicatrizes formavam vincos,
Fundos como rasgões.
Na medida dos teus desejos,
Eu projectava os meus,
Mas não eram meus,
E nem sequer teus.
O teu silêncio falava mais alto,
E eu tapava os ouvidos e gritava.
Na minha sombra eu só via a tua,
Que me perseguia,
Inerte, altiva mas incapaz,
E eu fugia para o escuro.
Trocaste o meu sol por um que era só teu,
Sem brilho,
E eu não quis mais brincar.
Vestiste a minha lua de negro gélido,
E eu senti o frio da solidão.
Um dia, comprei um giz novo,
Risquei-te do quadro dos meus sintomas,
E senti a beleza de nada sentir
Cecília Mathiotte
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