quarta-feira, 22 de agosto de 2012

[Opiniões Tertulianas] - "Memórias de Anne Frank" de Theo Coster


Anne Frank transformou-se num símbolo universal da infância brutal e do fim da inocência no Holocausto. No entanto, a sua lenda tende a desvalorizar a vida bastante normal que levou antes de ser obrigada a se esconder. Ao destacar as experiências dos que partilharam com ela os seus dias de escola e sobreviveram à guerra, Theo Coster ajuda a dar vida a Anne no seio da sua comunidade, uma criança entre os milhões tocados dramaticamente pelo Mal. Os seus relatos de sobrevivência oferecem um poderoso e inspirador contraste à terrível morte de Anne.”
Ben Barkow, diretor da Wiener Library in Asa Documentos



“Certo dia algumas crianças não foram às aulas. Foi assim que começou. (…) Eles deixavam de ir à escola e nós não queríamos, ou melhor, não nos atrevíamos a saber porquê.” (Contracapa do livro)


 A primeira vez que ouvi falar deste livro foi na internet e suscitou-me logo interesse, pois eu adoro livros que falem sobre assuntos relacionados com a Segunda Guerra Mundial e, principalmente com o Holocausto. Já tinha lido o Diário de Anne Frank, que adorei, e pareceu-me interessante saber mais sobre ela, através de pessoas que vivenciaram esta experiência juntamente com ela.

 O autor do livro é Theo Coster, um antigo colega de escola de Anne Frank, que decidiu reunir os testemunhos de seis colegas seus que andaram com ele e com Anne Frank no liceu judeu de Amesterdão, na Holanda. Durante uma semana encontrou-se com os seus antigos colegas e trocaram histórias do tempo da guerra, que foram mais tarde compiladas neste livro e utilizadas, inclusive num filme. Essas histórias centram-se na época em que andavam no liceu judeu de Amesterdão, onde conheceram Anne Frank. Cada um falou do seu relacionamento com a rapariga que mais tarde viria a ficar célebre por escrever um diário. Falaram também do que cada um passou: uns tiveram de fugir e de se esconder, tal como fez a família Frank, outros foram parar aos campos de concentração, onde alguns chegaram a ver Anne Frank.

 Eu gostei do livro e não tenha crítica nenhuma em relação à escrita. No entanto, fiquei um pouco desiludida, pois ao ler a sinopse achei que o livro abordaria mais a vida de Anne Frank. Em vez disso concentrou-se demasiado nas histórias de cada um dos seis ex-alunos depois de abandonarem a escola, e visto que a maioria não se dava muito com Anne Frank e não a viu nunca mais depois dessa época, não ficamos a saber muito sobre a sua história.

Apesar disso não desgostei por completo do livro e fiquei chocada por saber que as crianças e os adolescentes estavam completamente no escuro, no que dizia respeito ao seu futuro. Todas elas sonhavam com um futuro brilhante à sua frente, sem imaginarem o que as esperava. Só quando começaram a desaparecer alunos e a sala de aula foi ficando mais vazia, é que as crianças começaram a perceber que algo não estava bem e que algum dia também chegaria a sua vez de irem para onde quer os levassem.

Curiosidade: Theo Coster, o autor deste livro foi o inventor do jogo “Quém é quem?”.

Inês Rodrigues

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