Clara acordou com a corrente de ar fresca que entrava pela janela aberta. O relógio digital marcava, em números vermelhos, 5:00. Acendeu a luz do candeiro e levantou-se no intuito de ir beber um copo de leite e voltar a dormir, quando se deparou com o cenário macabro à sua frente. O corpo do marido jazia morto no chão, com a cara e os membros escortinhados e um golpe profundo, talvez o golpe fatal, no peito. Ao lado estava o filho de ambos, de apenas 2 anos, que tremia e se balançava baixinho, também ele com as pequenas mãozinhas sujas de sangue.
Hesitou. Não conseguia perceber o que se passara ali. Tentou lembrar-se da sua noite, e não se lembrou de nada diferente da rotina: tinham jantado em família, deitou o João, o seu filho, e por volta da 1:30 deitou-se, tendo deixado o marido na sala a ver um filme. Não o tinha ouvido entrar no quarto, mas o seu sono sempre fora pesado e, geralmente, nunca se lembrava de nada, nem sequer de sonhar. Mesmo as suas crises de sonambulismo, ela nunca se lembrava de nada. Um arrepio percorreu-lhe a espinha.
A medo e confusa, com as mãos a tremer tanto como a sua alma, pegou no telefone e marcou, de imediato, o numero da policia. Enquanto esperava estes chegarem continuou a pensar em como era possível o marido estar ali, morto, ela não ter dado por nada. Mas o que mais a intrigava era o pequeno João, como tinha ele chegado ali. Teria sido levado pois ele não conseguia sair da cama sozinho. Um medo enorme encheu-lhe o peito, e uma vontade de abraçar o filho, de o consolar e lhe limpar as lágrimas que escorriam pela pele, ainda de bebé, do menino. Mas não podia alterar nada do que ali estava, não queria contaminar nada que pudessem ser provas.
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Quando o agente Magalhães tocou á porta do número 124 da Av. Almirante Reis não imaginava o que iria encontrar do outro lado. Nos seus 30 anos de carreira já tinha visto muita coisa, mas pouco o tinha chocado e intrigado como o cenário dantesco que encontrou no quarto daquele apartamento.
Ao tocar á porta, esta foi aberta por uma mulher, não aparentava mais de 30 anos. Envergava uma camisa de dormir branca, com algumas rendas, mas o que lhe chamou imediatamente á atenção foi o pânico que os seus olhos azuis continham. A face avermelhada do choro, que teimava em escorrer cara abaixo. Ao ser conduzido à divisão onde o crime teria ocorrido, e tendo pouca informação que a central lhe havia transmitido, não se afastou daquela que supunha ser a viúva, pois temia que a qualquer momento ela se deixasse levar pelas emoções.
O cenário no quarto deixou-o sem sangue. Um corpo masculino, na casa dos 35 anos, estava estendido no chão, a sua face estava quase desfigurada com diversos golpes, assim como os braços e pernas, que o pijama deixava à mostra. Ao lado do corpo encontrava-se um menino, loiro de olhos muito claros, que estava o que poderia chamar de estado de choque, não falava, chorava silenciosamente e baloiçava-se para a frente e para trás. As suas mãos e o seu pequeno pijama estavam manchados de sangue. Em pé, estava a mulher que tinha telefonado e que tinha aberto a porta, num estado confuso e desvairado. O seu marido estava morto, e ela não sabia como tinha acontecido, mesmo debaixo do seu tecto, na mesma divisão onde dormia. No entanto, e apenas tendo reparado agora, também a sua pequena camisa de dormir estava manchada de sangue.
Por muito horrível que o cenário pudesse parecer, juntando todas as peças daquilo que via, criava um cenário ainda mais escabroso na cabeça do policia: aquele homem tinha sido assassinado, poucas horas antes, e só havia dois suspeitos: a sua mulher ou o seu filho de dois anos….ou ambos.
vais continuar? eu queria saber o que se passou!!!
ResponderEliminarmuito bom, tou toda arrepiada
Olá , passei pela net encontrei o seu blog e o achei muito bom, li algumas coisas folhe-ei algumas postagens, gostei do que li e desde já quero dar-lhe os parabéns, e espero que continue se esforçando para sempre fazer o seu melhor, quando encontro bons blogs sempre fico mais um pouco meu nome é: António Batalha. Como sou um homem de Deus deixo-lhe a minha bênção. E que haja muita felicidade e saude em sua vida e em toda a sua casa.
ResponderEliminarNorma, com tempo vou continuar sim:)
ResponderEliminarAntónio batalha, muito obrigada pelas suas palavras. Espero que continue por aqui a seguir-nos:)um bem haja:)
Parou por aí? Que maldade!
ResponderEliminarLion, para o desafio apenas podia ter 3000 caracteres, mas tenciono acabá-lo:)
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