domingo, 12 de agosto de 2012

[À Lareira Com] - Fernando Gil Teixeira






À Lareira com... Fernando Gil Teixeira, autor do livro "Aqui entre nós".



Fale-nos um pouco sobre si

Bom, é complicado falarmos sobre nós próprios. Sentimos tendência a apimentar algo que não é realmente verdade, só porque fica ali bem. Vou tentar ser o mais justo possível. Sou alguém que ama a liberdade. A liberdade de pensamento, de opinião e de escolha. Talvez por isso seja ateu, por ter tido a liberdade de escolher a minha própria religião. Dou-me mal com horários e gosto muito de deixar para amanhã o que não é preciso fazer hoje. Talvez daí o ser escritor, aquela imagem de que todos são um pouco loucos encaixa-se definitivamente em mim. Sou mesmo alguém diferente. Também, de loucos e santos todos temos um pouco e se não fossemos realmente idiotas, que mais poderíamos ser? Sou muito relaxado e descomplexado, daquelas pessoas que passam a vida em estado zen. Gostos… Para além da leitura e da escrita sou amante de cinema, principalmente se for um bom filme português. A minha ambição é tirar o curso de Criminologia e ser treinador de futebol.

Tem 16 anos, quando começou a sentir este gosto pela escrita?

É complicado dar uma idade certa para quando comecei realmente a gostar de escrever. Acho que surgiu um pouco com a minha maturidade. Com cerca de 12 anos, comecei a ver tanta coisa a passar-se à minha volta que comecei a sentir a necessidade de ir mais além e registar todas as minhas opiniões e divagações. Além disso a escrita sempre foi um meio romântico de exprimir sentimentos e quando somos mais novos temos tantos desgostos de amor.

O que a escrita significa para si?

Escrever é querer partilhar algo com o mundo. Sempre fui daquelas pessoas que gosta de falar muito. Acho que passo mais de metade do dia a falar e como tal, para não ser tão maçador, na outra metade em vez de falar, estou a escrever o que gostava de estar a dizer. É a única forma de me sentir realmente realizado comigo mesmo. Talvez a escrita seja a vida, já que é nela que gasto a maioria do meu tempo.

Escreve no jornal “Tribuna desportiva”. Quando e como começou a escrever no jornal?

Bom, comecei há cerca de um mês. Por enquanto tenho mais de 10 artigos desportivos publicados. Não posso dizer que sou bem pago para o fazer, mas por enquanto faço mais por gosto que por questões financeiras. É um sonho meu chegar aos jornais ABOLA, OJOGO ou Record.

Ganhou o prémio Leya, no âmbito do concurso “Uma Aventura”. Como se sentiu e como isso o impulsionou a publicar o seu primeiro livro?

Sim, fiquei mais precisamente no terceiro lugar desse prémio. Participei em conjunto com duas colegas minhas, Mónica Teófilo e Maria Miguel Félix. Bem, na altura foi mais na desportiva que decidimos entrar em jogo, o texto foi aliás redigido um pouco à pressa e sabemos que podíamos ter feito melhor. Já lá vão 4 anos desde esse dia, ficámos realmente surpreendidos porque foi o ano que teve o recorde de participações e fomos escolhidos dentre milhares de outros candidatos. Talvez tenha sido o bang na minha carreira, já que a partir daí comecei a levar isto de escrever muito mais a sério. Cresci enquanto pessoa e enquanto escritor graças a esta condecoração.

Publicou recentemente o livro “Aqui entre Nós”. Como surgiu a oportunidade?

Houve um dia que pensei: Porque não juntar todos os meus poemas num só ficheiro? E assim surgiu o livro. Decidi-me mesmo a publicá-lo, com o apoio de uma professora especial, Cesaltina Neves e também da minha família. Depois foi tentar encontrar a editora certa. A Temas Originais pareceu-me a escolha mais acertada para iniciar esta jornada, apesar de agora sonhar com uma edição sem custos numa editora de renome.

O que nos pode dizer sobre o livro?

Este livro, “aqui entre nós” tem um semblante muito diarístico. É como que um relato de um tempo da minha vida que passei para o papel, em que dei as minhas opiniões sobre tudo o que me ia marcando através do verso. O amor domina claramente, mas a intervenção social tem um crescendo ao longo da obra, já que sempre quis fazer diferença no mundo. Aconselho-vos a lerem claro, para saberem um pouco de mim e terem em mãos a primeira obra da minha carreira, que espero que seja longa e frutuosa. Quem quiser adquirir o livro, envie-me um mail para fyssas2008@hotmail.com e terá sua obra em casa numa semana.

Tem mais 3 obras em desenvolvimento. Um deles, já em fase de conclusão é “Nas Teias do Poder”. O que nos pode desvendar sobre este?

Não quero levantar muito o véu, afinal é meu objetivo deixar as pessoas com apetite de comprarem e disfrutarem do meu primeiro romance. O livro é uma obra mais alucinante, com muito ritmo de escrita e uma história viciante. É construído num estilo mais policial, onde apesar de começar com uma epidemia nacional, essa epidemia se vai tornar apenas um pretexto para um amor doentio que perdurou ao longo dos anos, tornando-se numa obsessão materializada na vingança pela não correspondência do mesmo. Não podem perder! Deixo também a nota de que as editoras Leya, Bertrand e Porto Editora mostraram interesse estão a analisar a obra, por isso brevemente estará aí nas bancas para todos lerem.

E as outras duas obras, podemos saber algo sobre elas?

As outras duas obras estão em banho-maria por enquanto e não posso dizer muito sobre elas. Apenas posso dizer que são dois livros sobre futebol, outra das minhas paixões. Um deles é a representação do futebol para mim e a outra é um estudo específico sobre um clube especial para os portugueses (e não, não é nenhum dos três grandes).

É um rapaz jovem, que gosta dos livros e da escrita. Como é que os seus amigos reagiram á publicação do seu primeiro livro?

Como em tudo na vida, houve de tudo. Há aqueles amigos verdadeiros que ficaram realmente contentes com o meu sucesso e que me parabenizaram pelo feito conseguido e até pude contar com a presença de muitos na apresentação da obra. Depois há sempre aqueles que a inveja impede de me felicitar, mas por um lado ainda bem que isto aconteceu. É nestes momentos que conhecemos realmente as pessoas e o que representamos para elas e a melhor maneira de responder a isso será sempre o meu sucesso, daí ser alheio a essas reações. 

O que gosta de fazer, para além da escrita?

Outras atividades que goste de fazer… Como disse há pouco, sou fã de cinema e passo horas a devorar filmes e séries compulsivamente. Depois, sou um aficionado por desporto e jogo futsal profissional, estando registado na federação. Digamos que o desporto acaba por ser um refúgio para fugir à rotina que a escrita se pode tornar. É aquele momento em que me esqueço de tudo e que tenho um tempo só para mim. Acaba por tornar-se como que uma introspeção momentânea.  

procura dar um pontapé na crise do mercado literário, não só a financeira, mas também a de valores”. Julga que estamos a passar uma crise de valores? Porquê?

Estamos realmente a passar uma crise de valores. Toda a sociedade digamos e não apenas um sector, mas como a minha área é mesmo a literária, é nela que centro as minhas críticas que espero serem construtivas. Penso que neste momento publicam-se demasiados livros, alguns de assuntos totalmente descabidos. Isto porque as editoras já nem analisam a maioria dos livros, aceitam e pedem dinheiro para realizar a publicação, mesmo que seja um livro com uma palavra por página, que interessa isso agora? Se as editoras se preocupassem com a qualidade literária e editassem menos e até sem pedir dinheiro por isso, provavelmente iriam até ter mais lucros no final do ano, porque eu confio na escolha dos leitores e nos gostos literários da população portuguesa. Falta acreditar no mercado que está a ficar demasiado recheado de produto insignificante.

Para terminar, deixe uma mensagem aos nossos leitores.

Quero deixar primeiro uma mensagem de apoio a todos os escritores que pretendem lançar-se no mundo na escrita. Sim, escrever é efetivamente um dom, mas não chega ser dotado para se conseguir avançar mais e mais. É preciso aculturarmo-nos, querermos saber mais e aperfeiçoarmos os nossos conhecimentos. Ninguém sabe tudo e aquele que mais souber será sempre o mais bem preparado para este mercado competitivo. Para os outros leitores em geral, recomendo a leitura como meio de combater a depressão que para aí anda. Talvez ler não seja só um momento de cultura, mas também um refúgio para escapar ao nosso dia-a-dia e às penosas rotinas. Falta imaginação aos portugueses, e a imaginação pode efetivamente conter a felicidade que tantos procuram e isso, meus caros, é algo que por enquanto o dinheiro ainda não pode comprar. Acabo com uma citação minha, em jeito de despedida: “Temos de olhar a vida da forma mais orgásmica possível, porque a mesma deve ser um prazer e vivida sempre no limiar da loucura.” Um muito obrigado.

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